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    José Guimarães cobra "comando centralizado" no governo e critica "não comprometimento" de partidos da base de Lula

    Líder do governo Lula na Câmara dos Deputados reafirmou em reunião interna do PT a necessidade de fazer mudanças no governo: "tem que haver um 'rearrumamento' da casa"

    José Guimarães (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

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    247 - Em uma reunião interna do PT, o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, fez críticas à atual estrutura de comando político do governo Lula (PT). O encontro, intitulado "Conjuntura atual e relação com o Congresso", foi promovido na última terça-feira (11) pela corrente do PT denominada Construindo um Novo Brasil (CNB) e contou com a participação de dezenas de militantes do partido. A Folha de S. Paulo teve acesso a trechos da reunião, que foi gravada.

    Guimarães destacou a necessidade de um "comando político mais estrategicamente centralizado" para melhorar a relação do governo com a sociedade, o Congresso e os governos estaduais e municipais. Ele expressou preocupação com a falta de comprometimento dos partidos da base aliada, o que, segundo ele, tem resultado em diversos reveses para o Executivo nas últimas semanas.

    “A articulação política do governo na Câmara me tira o sono. Tenho que me relacionar com toda a Casa, não é uma tarefa fácil, é um negócio muito doloroso. Tem dia que eu não consigo dormir por conta da tensão, da faca no pescoço e tudo mais que muitas vezes acontece nos bastidores aqui dentro para a gente apoiar, aprovar as matérias de interesse do governo”, afirmou Guimarães.

    O líder do governo mencionou especificamente as dificuldades em obter apoio de partidos que compõem a base de apoio de Lula, ressaltando que estes muitas vezes não colaboram com as matérias de interesse do governo. Ele mencionou exemplos recentes de desafios enfrentados pelo governo, como os vetos presidenciais sobre a questão das "saidinhas" (saídas temporárias de presos) e das fake news.

    Desde o início do seu mandato, Lula buscou formar uma base de apoio ampla, incluindo partidos de centro e direita. Em um primeiro momento, distribuindo ministérios para União Brasil, PSD e MDB, e posteriormente, em uma reforma ministerial, abrindo espaço para o PP e Republicanos. Apesar dessas alianças, Guimarães criticou o que chamou de "não comprometimento" desses partidos. “Esse não comprometimento dos partidos que estão na aliança para garantir a governabilidade termina dando, como se diz lá no Nordeste, um no prego e um na ferradura. Porque não somam conosco nessas matérias. É portanto um drama aqui dentro”, declarou o deputado.

    Guimarães também defendeu a necessidade de "dar uma chacoalhada" no governo para evitar o risco de acomodação. Ele propôs uma renovação na Esplanada dos Ministérios. “Tem que haver um 'rearrumamento' da casa. Nós já entregamos muita coisa e nem sempre aquilo que nós entregamos faz com que a popularidade do presidente aumente. Muito pelo contrário, teve queda nos últimos meses. Essa chacoalhada eu acho que era bom. Mas isso quem faz é o presidente”, pontuou Guimarães.

    O deputado sugeriu ainda que mudanças são inevitáveis e necessárias para preparar a reeleição de Lula em 2026. Ele mencionou a importância de melhorar a comunicação do governo e de reforçar o "centro político" para garantir a governabilidade.

    Questionado sobre as declarações, Guimarães afirmou que a reunião da CNB era um debate interno voltado para a reorganização da tendência do partido. Ele enfatizou que suas observações foram feitas com base nas demandas de vários dirigentes que cobram uma maior interação do governo com os estados e com o próprio PT. "Afirmei que é necessário reconstruir a governabilidade, afinar a governabilidade, porque é difícil aqui. Nem todos que estão participando do governo, apoiam integralmente o governo. É necessário o governo ter centralidade política nas ações. O governo precisa se comunicar melhor frente a tudo que entrega e à pouca incidência ao nível de aceitação popular".

    Guimarães ressaltou que suas críticas não eram direcionadas a pessoas específicas, mas sim à necessidade de ajustes na base e na relação do governo com os estados e com todos os entes federados.

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