'Perdi meu melhor amigo', diz Elmar Nascimento sobre apoio de Lira a Hugo Motta na disputa pelo comando da Câmara
União Brasil desistiu de lançar a candidatura do líder do partido na Câmara no início da manhã desta quinta-feira
247 - O líder do União Brasil, Elmar Nascimento, expressou seu descontentamento, nesta quinta-feira (31), em relação ao apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao candidato do Republicanos, Hugo Motta, na disputa pela sucessão do comando da Casa Legislativa. “Já cheguei muito mais longe do que achava que poderia chegar. Nesse processo eu já comecei perdendo, perdi um amigo que eu considerava meu melhor amigo, o presidente Arthur Lira”, disse Elmar, de acordo com o jornal O Globo.
A decisão do União Brasil de apoiar Motta, após intensas negociações, está atrelada a uma avaliação interna de que ele é o candidato mais forte para assumir a presidência da Câmara, com um arco de aliança que já soma 316 deputados, o que o torna praticamente imbatível. Inicialmente, Elmar era visto como o candidato preferido de Lira, mas perdeu o apoio ao perceber que Motta possui um perfil mais capaz de unir diferentes setores da Casa.
Além disso, o partido sentia a pressão de não ser marginalizado em futuras negociações políticas. Ao desistir de sua candidatura, Elmar buscava uma saída que não deixasse o União Brasil à mercê de uma eventual disputa direta com Motta. Com o apoio do PP, PT, PL, MDB, Podemos e PCdoB, a candidatura de Motta tornou-se ainda mais robusta.
A articulação de Elmar com o líder do PSD, Antônio Brito, também encontrou obstáculos, especialmente pela falta de apoio do PT e do MDB, o que comprometeu a formação de um bloco governista forte. Por outro lado, há uma pressão sobre o PSD para que se una à coalizão que apoia Motta, evitando assim o isolamento político.
Os líderes partidários já indicam que o PL, maior partido na Câmara, terá a primeira vice-presidência, enquanto o PT ficará com a primeira-secretaria. Nesse cenário, o União Brasil negocia uma posição na Mesa Diretora, além de almejar o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que pode ser oferecido a Elmar.
A relatoria do Orçamento, que também está em disputa entre MDB e União Brasil, foi um ponto discutido na reunião. Elmar pediu a indicação do relator do orçamento como condição para apoiar Motta, embora a expectativa seja que o cargo fique com o MDB.
Sobre uma possível indicação a um ministério na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Elmar ressaltou que a disputa na Câmara é uma questão separada da sua posição no governo. “Estamos tratando da sucessão da Câmara. O ministério é do presidente Lula”, afirmou.
Antes mesmo da reunião, Elmar já sinalizava sua intenção de abrir mão da candidatura, afirmando que a decisão não era apenas sua, mas do partido e de seus aliados.
“A candidatura não é minha, é do meu partido e dos partidos que nos apoiam. Se todos pedirem, tenho que refletir sobre isso. Não posso botar minha vontade pessoal acima da vontade dos companheiros. Além disso, sou o líder do partido e não posso agir apenas pelo que penso”, disse o parlamentar, de acordo com a reportagem.
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