PF faz operação transnacional contra rede de lavagem de dinheiro da máfia italiana no Rio Grande do Norte
Grupo investigado pode ter movimentado R$ 3 bilhões; mandados são cumpridos no Brasil, Itália e Suíça
247 - A Polícia Federal, em colaboração com o Ministério Público Federal e com o apoio internacional do Ministério Público e da Guardia di Finanza de Palermo, Itália, desencadeou nesta terça-feira (13) a Operação Arancia, que tem como objetivo desarticular uma rede de lavagem de dinheiro operada pela máfia italiana no Rio Grande do Norte.
As investigações, iniciadas em 2022, miram uma organização criminosa suspeita de lavar dinheiro para a máfia italiana, que opera na região há quase uma década. As evidências coletadas até o momento indicam que a máfia utilizou empresas fantasmas e laranjas para movimentar e ocultar fundos ilícitos, provenientes de atividades criminosas internacionais.
Estima-se que o esquema tenha investido pelo menos R$ 300 milhões (cerca de 55 milhões de euros) no Brasil, comprando propriedades e infiltrando-se no mercado imobiliário e financeiro do país. No entanto, segundo as autoridades italianas, o valor total dos ativos envolvidos pode superar 500 milhões de euros, ou mais de R$ 3 bilhões.
A operação resultou na prisão preventiva de um mafioso e na execução de cinco mandados de busca e apreensão em três estados brasileiros: Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Piauí. Simultaneamente, a Direção Distrital Antimáfia de Palermo coordenou 21 buscas em várias regiões da Itália e na Suíça. Mais de 100 agentes financeiros italianos foram mobilizados, incluindo alguns que estão no Brasil para auxiliar no cumprimento dos mandados em Natal.
Os crimes investigados incluem associação mafiosa, extorsão, lavagem de dinheiro e transferência fraudulenta de valores, com o agravante de apoio a famílias mafiosas notórias. Além disso, a Justiça Federal autorizou o sequestro de imóveis e o bloqueio de contas bancárias ligadas aos suspeitos e às empresas fantasmas, visando garantir a reparação dos danos causados e impedir a continuidade das operações criminosas.
A investigação contou com forte colaboração internacional, destacando-se a criação de uma Equipe Conjunta de Investigação (ECI) em 2022, composta pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e autoridades judiciais e policiais italianas, com apoio da Eurojust, agência da União Europeia que facilita investigações e processos judiciais envolvendo múltiplos países.
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