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    Marçal quer médico antivacina e antiaborto para coordenar saúde em São Paulo

    Francisco Cardoso defendeu o uso de cloroquina para tratar a Covid-19, duvidou da eficácia de máscaras e vacinas e é contra o aborto após 22 semanas

    Francisco Cardoso e Pablo Marçal (Foto: Reprodução/Instagram/@drfranciscocardoso79)

    Por Amanda Audi, Agência Pública - Um dos responsáveis pelo plano de governo para a saúde do candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) será Francisco Cardoso, médico que defendeu o uso de cloroquina para tratar a covid-19, duvidou da eficácia de máscaras e vacinas e é contra o aborto após 22 semanas.

    Os planos de governo trazem os pilares de uma gestão em áreas como saúde e educação e servem para os eleitores conhecerem melhor as ideias de seu candidato.

    O infectologista escreveu, no Instagram, que aceitou o convite de Marçal “com muita honra”. “É impossível para mim apoiar para reeleição o prefeito [Ricardo] Nunes, uma pessoa que demitiu pessoas por exercerem seu direito de dúvida e livre escolha, por ousarem questionar algumas medidas, agora comprovadamente sem evidências científicas”, ele disse, em referência a servidores que foram demitidos por Nunes por recusarem a se vacinar contra a covid. 

    “Tenho muito carinho e admiração pela atual equipe da SMS [Secretaria Municipal de Saúde], são grandes colegas e muito competentes. Se depender de mim, inclusive, o secretário [Luiz Carlos] Zamarco e cia continuarão na SMS”, continuou. Zamarco é o atual secretário de Nunes, em cuja gestão a prefeitura suspendeu o serviço de aborto legal do Hospital Vila Nova Cachoeirinha, o de referência na cidade, e copiou prontuários sigilosos das pacientes.

    Na rede social, Cardoso chamou o ex-presidente Jair Bolsonaro de “presidente” (sic) e disse que tem orgulho de ser apoiado por bolsonaristas.

    Cardoso recentemente foi eleito conselheiro do Conselho Federal de Medicina (CFM) representando o estado de São Paulo. Ele fazia parte da única chapa que defendia em suas propostas a resolução do CFM que proibia um procedimento para interromper a gravidez de vítimas de estupro acima de 22 semanas, chamado assistolia fetal. Esse procedimento é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

    O médico acredita, ainda hoje, que o Ministério da Saúde errou em tornar obrigatória a vacinação contra a covid, com imunizantes aprovados pela Anvisa, e em se posicionar contra o uso de remédios sem comprovação científica para combater a doença.

    O candidato Ricardo Nunes (MDB) ainda não indicou nomes para a Secretaria de Saúde, caso seja reeleito, mas o seu plano de governo aposta na ampliação de serviços já existentes. Os coordenadores dos planos de governo de outros dois candidatos à prefeitura, Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB), se posicionaram vocalmente contra o negacionismo durante a pandemia. Boulos chamou o médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa Gonzalo Vecina, e Amaral, os médicos Paulo Saldiva e Ludmila Hajjar. 

    Hajjar, por exemplo, negou convite de Bolsonaro para ser ministra da Saúde, integrou o governo de transição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e falou, recentemente, sobre uma “onda de picaretagem” que assola a medicina brasileira.

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