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'O crime, a polícia e a política não se separam no Rio', afirma Freixo sobre assassinato de Marielle Franco

"A crise da segurança pública do Rio de Janeiro é uma crise política", diz

Marcelo Freixo, Anielle Franco e Mônica Benício (Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil)

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247 - Em depoimento revelador durante o julgamento, o ex-policial militar Ronnie Lessa, condenado a 78 anos de prisão pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, detalhou uma trama de poder e crime organizada. Lessa afirmou que, inicialmente, o deputado federal Marcelo Freixo (PT) seria o alvo dos mandantes, apontando os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão como os possíveis responsáveis pela ordem de execução. Em resposta, Freixo relembrou a conexão entre a milícia e o poder político no Rio, frisando que "crime, polícia e política não se separam no Rio de Janeiro", relata o jornal O Globo.

Ao relembrar sua trajetória na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Freixo explicou que seu embate com as milícias teve início com a CPI das Milícias, a primeira lei de sua carreira legislativa. "A gente fez um trabalho que nunca tinha sido feito numa CPI no Estado do Rio. A gente mudou a opinião pública sobre a milícia," afirmou. O trabalho incluiu a prisão de mais de 200 milicianos e foi fundamental para o combate à influência criminosa no estado.

Freixo também destacou a importância simbólica da luta de Marielle, que trabalhou ao seu lado e carregava as mesmas bandeiras de justiça social e combate à corrupção. Para ele, Marielle "se tornou um símbolo muito forte, um símbolo para o mundo inteiro", ainda que ele preferisse que ela estivesse viva e ativa na política.

A revelação de Ronnie Lessa: planejamento e proteção na morte de Marielle - Segundo o relato de Lessa, Marcelo Freixo era inicialmente o principal alvo dos mandantes do assassinato. Ele alega que os irmãos Brazão, conhecidos pela influência política e empresarial, foram os articuladores do plano e que só não concretizaram a execução contra Freixo por considerá-la "inviável". Em um discurso forte, Freixo revelou que a escolha dos alvos demonstra a profundidade do ódio da milícia contra aqueles que lutam para desmantelá-la: "No Rio, marcado por tanta relação entre poder e crime, quando você enfrenta essas forças, às vezes você não dimensiona o quanto essas forças são grandes e querem te eliminar".

Essa trama é reveladora da rede de proteção e apoio que as milícias e criminosos de alta periculosidade teriam na estrutura de segurança pública. Lessa e seu cúmplice Élcio Queiroz, por exemplo, têm uma longa trajetória de violência e de cumplicidade com autoridades, que, segundo Freixo, davam suporte e impunidade para suas ações criminosas. "O escritório do crime no Rio de Janeiro foi a delegacia de homicídios," afirmou ele, expondo o envolvimento de delegados e autoridades policiais que, supostamente, encobriam os crimes.

A CPI das Milícias: marco de combate ao crime organizado - A atuação de Freixo na Alerj, que expôs a ligação entre crime organizado e política no estado, foi um divisor de águas para o entendimento público sobre o fenômeno das milícias no Rio de Janeiro. A CPI investigou e revelou a estrutura, os braços políticos e econômicos, e a identidade dos líderes das milícias, criando um histórico de combate ao crime organizado que seria um divisor de águas na segurança pública fluminense. 

Marcelo Freixo explicou que a atuação das milícias é pautada por uma complexa teia de relações políticas, o que dificulta o combate e dá poder de manipulação sobre a segurança pública e o cenário político do Rio. Para ele, o envolvimento das milícias vai além do crime comum e se configura como uma crise política. "A milícia tem uma natureza política. Ela elege gente, é protegida por deputados, elege deputados," afirmou o deputado: "a crise da segurança pública do Rio de Janeiro é uma crise política".

Freixo finalizou ressaltando que a morte de Marielle Franco e a exposição de sua trajetória agora se configuram como um marco simbólico e internacional de luta contra o crime e a violência urbana. Ele espera que as condenações e as investigações em curso representem o começo de um novo capítulo na história do Rio de Janeiro, onde o combate ao crime organizado ultrapasse as barreiras da política e seja efetivamente consolidado na prática.

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