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    Uso de telemedicina em UTIs do SUS reduz mortes e tempo de internação

    Iniciativa é do InCor, em parceria com o Ministério da Saúde. Desigualdades regionais ainda são desafio

    SUS - Sistema Único de Saúde (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
    Guilherme Levorato avatar
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    247 - Um projeto pioneiro liderado pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas de São Paulo, em parceria com o Ministério da Saúde, está redefinindo os cuidados em unidades de terapia intensiva (UTIs) do Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa, intitulada TeleUTI Conectada, utiliza tecnologia e capacitação para melhorar a eficiência do atendimento, com resultados que contradizem estudos recentes sobre o impacto da telemedicina em terapias intensivas, informa a Folha de S. Paulo.

    Segundo informações divulgadas pelo projeto, houve uma redução de 40%, em média, na razão de mortalidade padronizada (SMR) das UTIs participantes em comparação à média nacional, além de uma diminuição no tempo de ventilação mecânica, fator crucial para liberar leitos e acelerar o atendimento em situações críticas.  

    Carlos Carvalho, diretor da divisão de pneumologia do InCor, destaca que a iniciativa foi desenvolvida para enfrentar o alto índice de mortalidade observado durante a pandemia de Covid-19, quando UTIs públicas sofreram colapsos. "Conseguimos conectar as bombas de infusão com os remédios que o paciente toma, o monitor multiparamétrico com todos os dados vitais, o ventilador mecânico etc. A gente foi conectando tudo isso e conseguiu colocar, no mesmo segundo, em um painel só. É como se a equipe [do InCor] entrasse no quarto do paciente aonde quer que ele estivesse", explica Carvalho.  

    Capacitação contínua e integração tecnológica - O TeleUTI Conectada diferencia-se por oferecer suporte intensivo às equipes médicas. Além de treinamentos virtuais, o projeto promove reuniões clínicas semanais, discussões de casos complexos e visitas presenciais às UTIs participantes. "A gente viu que só montar vídeos e deixá-los para as equipes assistirem não é a melhor maneira. Não ter discussão de casos nos fins de semana também não é bom. O nosso funcionamento é sete dias por semana"", ressalta Carvalho.  

    O projeto também enfrentou desafios estruturais ao integrar dados de diferentes aparelhos médicos em um painel único, permitindo o acompanhamento remoto e em tempo real de sinais vitais, ventiladores mecânicos e bombas de infusão. Essa abordagem tem permitido intervenções mais ágeis e precisas, especialmente em regiões onde o acesso a especialistas é limitado.  

    Impacto positivo mesmo em cenários adversos - Mesmo atendendo pacientes com maior gravidade — com índices de 62 pontos no Saps 3, enquanto a média nacional do SUS é de 46 —, as UTIs envolvidas na iniciativa alcançaram resultados expressivos. Durante a pandemia, o braço obstétrico do projeto reduziu em 47,6% a mortalidade materna nas instituições atendidas, reforçando o potencial de expansão da iniciativa para outros perfis de pacientes críticos.  

    Ainda assim, especialistas alertam para desafios estruturais no SUS. Para Ederlon Rezende, médico intensivista da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), o projeto é promissor, mas o Brasil ainda enfrenta desigualdades regionais significativas: "falta equidade, acesso para quem depende do SUS, principalmente no Norte e no Nordeste".

    "Se você tem um projeto que vai usar a tecnologia para facilitar o trabalho da equipe, e se eu puder associar a isso conceitos de organização, de gestão, de coleta de dados, de uso de indicadores, de treinamento e qualificação das equipes, isso com certeza vai nos ajudar", afirma.

    Futuro da TeleUTI Conectada - Após os resultados preliminares, apresentados ao Ministério da Saúde, discute-se a ampliação do projeto para incluir 12 novas UTIs, cinco UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e 15 unidades voltadas para gestantes em estado grave. A expectativa é que a tecnologia e a capacitação continuem promovendo melhorias significativas na saúde pública brasileira.

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