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Yvonne Bezerra de Mello, educadora, conversa com o 247 sobre as feridas que a violência faz nos estudantes cariocas

O programa ocorre neste domingo, às 12h, na TV 247

Yvonne Bezerra (Foto: Reprodução)

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247 - O programa dessa semana, “Denise Assis Convida” conversou com Yvonne Bezerra de Mello, referência na defesa de menores e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Há 31 anos seu rosto ganhou as páginas policiais numa foto que foi eternizada pela mídia. Abraçada aos meninos envoltos em cobertores miseráveis. Yvonne passou o resto daquela noite, em 23 de julho de 1993, na calçada da esquina da Avenida Getúlio Vargas, com a Avenida Rio Branco, e de frente para a igreja da Candelária, sobre poças de sangue dos seis menores e dois jovens alvejados e mortos pelas balas de fuzil disparadas por quatro PMs e um ex-policial militar expulso da corporação. Naquele momento, de medo e desesperança, prometeu que nunca iria abandoná-los. E assim fez.

Yvonne, que á se dedicava a ir vê-los e ensiná-los a ler toda a semana, no Centro do Rio, distante da Zona Sul, seu ambiente, ela deixava sempre com eles três fichas de “orelhão”- se é que a geração de agora sabe o que é isso. Mal chegou em sua casa, enquanto se aprontava para dormir, o telefone fixo tocou. A voz de desespero de um dos meninos não deixava dúvidas. Algo de muito grave estava acontecendo. Ao fundo, ela ainda conseguiu escutar os últimos tiros que vitimou os meninos. Ainda arrumada, com a roupa que passou aquele dia, pegou o carro e rumou para o Centro. O que encontrou foi a cena da tragédia e muito medo entre os sobreviventes. “Ainda bem que eu não havia me trocado, como de costume. Jantei e liguei a televisão, porque estava muito cansada. Foi a conta de pegar a bolsa e sair disparada para a Candelária.

O drama em que se viu envolvida e que comprometeu o seu propósito de cuidar das crianças em vulnerabilidade, marcou o Rio de Janeiro, como sendo um dos fatos mais cruéis protagonizados pela PM, que a rigor deveria protegê-los. Mas marcou acima de tudo a história dessa mulher que, aos 78 anos, segue no trabalho de educá-los e, na medida do possível, preservá-los. Yvonne Bezerra fundou o projeto “Uerê”, numa das comunidades mais conflagrada do Rio, a Favela da Maré. Ali, ensina cidadania, leitura e os princípios que devem norteá-los:” política de verdade, para que entendam como funcionam os poderes, as instituições, e possam ter consciência”. 

De acordo com a reportagem da jornalista Bruna Martins, publicada em O Globo, no dia 8 desse mês, mais de 124 mil pessoas vivem no conjunto de 16 favelas, dominado por tráfico e milícia na Maré. Na região tem 49 escolas, mas só quatro destinadas ao ensino médio, e sete postos de saúde, mas nem sempre esses serviços funcionam, interrompidos por operações policiais e troca de tiros que acabam sempre atingindo crianças a caminho da escola. Isso abre feridas emocionais e traumas. É sobre essas feridas que o programa conversa com Yvonne Bezerra de Mello, neste domingo, às 12h. Não percam.

 

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