Acusações contra Alexandre de Moraes são parte de disputa política, diz professor
Para especialista da UFRRJ, acusações sobre conduta de ministro do STF partem de divisões da burguesia brasileira
Brasil de Fato - Parlamentares de extrema direita querem pedir o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O senador Eduardo Girão (Novo) afirmou ao jornal Estadão que as assinaturas para o pedido de impeachment serão recolhidas até 7 de setembro, e que o pedido será protocolado no dia 9 de setembro.
A ação vem após publicação de reportagem do jornal Folha de S. Paulo, nesta terça-feira (13), mostrando que Moraes teria usado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de maneira extra-oficial para produzir relatórios contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Esses relatórios teriam sido usados para embasar decisões do ministro no inquérito das fake news, conduzido pelo STF. A reportagem da Folha teve acesso a seis gigabytes de mensagens trocadas entre o gabinete de Moraes no STF e o órgão de combate à desinformação do TSE, à época comandado pelo próprio ministro.
Em resposta, o gabinete de Moraes divulgou uma nota afirmando que "todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria-Geral da República".
O comunicado também destaca que o TSE tem poder de polícia e, portanto, possui competência para a realização de relatórios sobre atividades ilícitas. Para comentar o assunto, o programa Central do Brasil desta quarta-feira (14) conversou com Luiz Felipe Osório, professor de direito e relações internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Segundo ele, os tribunais têm de fato a possibilidade de investigar determinadas situações, mas, na situação de Moraes, a discussão, segundo ele, é muito mais política do que sobre especificidades jurídicas.
"É sempre importante lembrar que a disputa em torno do Alexandre de Moraes e de parcelas significativas da extrema direita não acontece desde hoje, pelo contrário. Essas rusgas já vêm, inclusive, desde o governo Bolsonaro. Pelo menos da metade final do governo bolsonarista em diante, há essas disputas entre essa turma da extrema direita e o Alexandre de Moraes. Essa disputa se dá, a meu ver, em torno de divisões que a burguesia tem aqui no Brasil."
Luiz Felipe aponta que Moraes representa uma burguesia muito próxima do chamado capital financeiro, dos bancos, "enquanto o Bolsonaro representa um capital comercial menos associado ao capital internacional".
Segundo o especialista, a disputa se dá dentro da própria burguesia. "O que eu gosto sempre de pontuar é que, em meio a essa disputa, há uma disputa fratricida dentro da própria burguesia e cabe a esquerda brasileira estar sempre muito atenta a isso para não acabar fazendo uma leitura política equivocada e tomando o lado errado dentro dessa situação."
A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta quarta-feira (14) do Central do Brasil, que está disponível no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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