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    Após 'liberou geral' de Bolsonaro, ao menos 6 mil armas foram roubadas ou extraviadas de CACs

    Segundo especialistas, o aumento do número de armas em posse dos CACs tem contribuído diretamente para o fortalecimento do comércio ilegal

    (Foto: Reuters)

    247- Quase 6 mil armas pertencentes a caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) foram alvo de roubo, furto ou extravio, conforme dados do Exército, diz a Folha de S. Paulo. Em 2023, sob a gestão de Lula (PT), foram registradas 1.259 notificações de desvios, um aumento de 68% em relação aos 750 casos reportados em 2018, antes do governo Jair Bolsonaro (PL) e suas políticas armamentistas.

    Segundo especialistas, o aumento no número de armas em posse dos CACs tem contribuído diretamente para o crescimento das ocorrências de roubo, furto e extravio, alimentando o comércio ilegal de armas. Natália Pollachi, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, apontou para a subnotificação desses casos, ressaltando que "embora seja obrigatória a notificação ao Exército, nem sempre isso acontece, pois a omissão não configura crime".

    O relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) corrobora essa afirmação, mostrando que, entre 2015 e 2020, das 3.873 armas apreendidas pelas polícias, apenas 86 constavam no sistema do Exército como roubadas, apreendidas ou extraviadas.

    A 1ª Região Militar (Rio de Janeiro e Espírito Santo) e a 3ª Região Militar (Rio Grande do Sul) foram as que registraram as maiores quantidades de armas desviadas, refletindo também a alta concentração de armamento nessas áreas. Por outro lado, a 12ª Região Militar, que abrange Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima, apresentou os maiores aumentos proporcionais de desvios, em regiões sem tradição em tiro esportivo e caça, mas que experimentaram rápido crescimento.

    Roberto Uchôa, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destacou a deficiência nas investigações de desvio de armas: "Apenas Rio de Janeiro e Espírito Santo possuem delegacias especializadas nesse tipo de crime", disse ele, enfatizando a necessidade de maior estrutura para as polícias civis.

    Problemas adicionais com a gestão dos CACs foram revelados em um relatório do TCU, que indicou que 5.200 condenados pela Justiça conseguiram obter, renovar ou manter o registro de CAC entre 2019 e 2022, apesar de terem sido condenados por crimes como porte ou posse ilegal de armas, lesão corporal e tráfico de drogas.

    Em resposta à crescente preocupação com o controle de armas, a Polícia Federal realizou operações contra CACs suspeitos de fornecerem armas e munições para facções criminosas. A operação Fogo Amigo, deflagrada nesta terça-feira (21), prendeu 20 suspeitos de integrar uma organização criminosa formada por policiais militares e CACs que vendiam armamentos ilegalmente.

    A partir de 1° de janeiro de 2025, a responsabilidade sobre CACs será transferida do Exército para a Polícia Federal, que atualmente carece de estrutura adequada para essa transição. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, prometeu reavaliar pontos específicos do decreto que aumentam o controle de armas, atendendo às demandas da bancada da bala.

    “Parlamentares querem que o governo altere quatro pontos: o que trata sobre armas de colecionadores no Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), habitualidade para manter uma arma, a mudança do calibre 9mm para uso permitido e permissão de clubes de tiro próximo a escolas”, destaca a reportagem.

    Até o momento, não há uma posição sobre as possíveis mudanças na política de controle de armas.

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