General preso por tramar golpe sugeriu a Bolsonaro recolocar Braga Netto à frente do Ministério da Defesa após as eleições
Segundo a PF, Mario Fernandes sugeriu que Braga Netto reassumisse o comando da pasta alegando que isso resultaria em um “apoio mais efetivo" ao golpe
247 - A Polícia Federal revelou novos detalhes sobre o plano de golpe de Eestado - que incluía o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin, e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes - , envolvendo integrantes do governo Jair Bolsonaro (PL) em 2022. De acordo com a CNN Brasil o relatório da Polícia Federal (PF) sobre o caso, aponta que o general da reserva Mario Fernandes, preso na terça-feira (19), sugeriu ao então presidente que substituísse o ministro da Defesa pelo general Walter Braga Netto, movimento que teria sido recusado por Bolsonaro sob a justificativa de evitar acusações de tentativa de golpe. O militar foi ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência.
Documentos e transcrições de diálogos, obtidos pela PF no âmbito da Operação Contragolpe, apontam que o plano incluía a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”, que seria liderado pelos generais Augusto Heleno e Braga Netto, ambos ex-integrantes de alto escalão do governo Bolsonaro.
Segundo o relatório, Fernandes teria relatado ao ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, o diálogo que teve com o então presidente. Na conversa, Fernandes sugere que Braga Netto reassuma o comando do Ministério da Defesa, argumentando que isso resultaria em um “apoio mais efetivo”. Na época, Braga Netto havia sido candidato a vice na chapa encabeçada por Bolsonaro. Ele, porém, teria recusado a proposta, afirmando que a mudança poderia ser interpretada como preparação para um golpe de Estado.
“Cara, eu tô aloprando por aqui. E eu queria que tu reforçasse também, pô, eu falei com o Cordeiro [Sergio Rocha Cordeiro, ex-assessor de Bolsonaro] ontem, falei com o presidente. P***a, cara, eu tava pensando aqui, sugeri o presidente até, porra, ele pensar em mudar de novo o MD [ministro da Defesa], porra. Bota de novo o General Braga Neto lá. General Braga Neto tá indignado, porra, ele vai ter um apoio mais efetivo. Reestrutura de novo, p***a”, disse Fernandes, segundo a transcrição da PF.
Em seguida, Fernandes conta a reação de Bolsonaro sobre a sugestão de mudança no Ministério da Defesa. “‘Ah, não, p***a, aí vão alegar que eu tô mudando isso pra dar um golpe’ [teria dito Bolsonaro]. P***a, negão. Qualquer solução, Caveira [apelido de Marcelo Câmara], tu sabe que ela não vai acontecer sem quebrar ovos, né, sem quebrar cristais. Então, meu amigo, parti pra cima, apoio popular é o que não falta”.
A PF acredita que o “Gabinete Institucional de Gestão da Crise” seria ativado em 16 de dezembro de 2022, logo após a realização do golpe de Estado. O grupo teria como missão estabelecer diretrizes para gerenciar a crise institucional que se seguiria. O relatório destaca que a organização criminosa planejava justificar suas ações por meio de declarações de apoio popular e de medidas emergenciais conduzidas pelo gabinete.
Braga Netto foi uma figura de destaque no governo Bolsonaro, tendo ocupado os cargos de ministro da Casa Civil, ministro da Defesa e candidato a vice-presidente em 2022. Sua volta ao Ministério da Defesa teria sido vista, por Fernandes, como um passo estratégico para viabilizar o apoio militar necessário para o plano golpista.
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