PF prepara relatório complementar sobre tentativa de golpe e garante rigor contra militares, diz diretor-geral
Corporação já concluiu um inquérito que apura organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para dar um golpe violento, indiciando Bolsonaro
247 - A Polícia Federal (PF) está preparando um relatório complementar no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, informou o diretor-geral da corporação, Andrei Passos Rodrigues. O novo documento servirá como base adicional para as análises da Procuradoria-Geral da República (PGR), que atualmente examina o inquérito concluído em novembro, o qual indiciou Jair Bolsonaro e outras figuras de destaque do governo anterior.
"Ainda permanecem questões que estão sendo apuradas, até em razão da Operação Contragolpe (realizada em novembro). A partir das apreensões realizadas nessa fase, de depoimentos coletados, dos que ainda serão tomados e de outros fatores que estão sendo apurados, vamos finalizar um relatório complementar que também vai servir de base para a Procuradoria-Geral da República fazer a análise", disse ele em entrevista ao jornal O Globo, divulgada nesta segunda-feira (6).
Na entrevista, Rodrigues também avisou que a PF não vai "passar a mão na cabeça de ninguém", militares ou policiais. "Todos temos o mesmo sentimento de que precisamos separar as instituições daquelas pessoas que se desviaram. Inclusive, um policial federal já foi preso. Não vamos passar a mão na cabeça de ninguém, seja militar, policial, profissional liberal...", afirmou.
A PF concluiu em novembro um inquérito que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o encaminhamento do relatório final da PF à PGR.
Entre os indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa estão Bolsonaro; o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin); o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.
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