PGR liga plano golpista de Jair Bolsonaro aos ataques terroristas do 8/1
Em manifestação enviada ao STF, Paulo Gonet disse que a "atuação da organização criminosa investigada foi essencial para a eclosão dos atos depredatórios"
247 - Em uma manifestação sigilosa ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, destacou pela primeira vez um laço entre o planejamento de um golpe de Estado articulado por aliados de Jair Bolsonaro (PL) e os atos terroristas ocorridos em 8 de Janeiro do ano passado, que resultaram na invasão e depredação das sedes dos três Poderes, em Brasília.
“Os elementos de convicção até então colhidos indicam que a atuação da organização criminosa investigada foi essencial para a eclosão dos atos depredatórios ocorridos em 8.1.2023", escreveu Gonet no documento enviado em junho ao STF, de acordo com o jornalista Aguirre Talento, do UOL.
As defesas dos investigados têm sustentado que a discussão de um plano que prevê a convocação de novas eleições não constitui crime, argumentando que não houve implementação do mesmo e que não há conexão com os eventos de 8 de Janeiro.
Ainda de acordo com a reportagem, Gonet também mencionou que os envolvidos nas articulações golpistas podem ser responsabilizados para ressarcir os cofres públicos em até R$ 26 milhões, quantia correspondente aos danos causados pela destruição do patrimônio público.
A Polícia Federal espera concluir o inquérito sobre o caso até o fim do ano, após o que Gonet decidirá se apresentará uma denúncia ao STF. As investigações revelaram que Jair Bolsonaro discutiu a elaboração de um plano golpista com os comandantes das Forças Armadas após sua derrota nas eleições para o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na tentativa de manter-se no poder. As supostas articulações golpistas incluem a participação de diversos auxiliares civis, ministros de Estado e militares, e o relatório final da PF deverá esclarecer o papel de cada um na intentona golpista.
Ainda conforme UOL, a manifestação de Gonet foi apresentada em resposta a um pedido de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, que solicitou a revogação de medidas cautelares e a devolução de R$ 53 mil e três relógios de luxo apreendidos em sua residência. No entanto, para Gonet, os valores não devem ser restituídos, dado que os investigados poderão ter que ressarcir os danos causados.
"Não parece recomendável, também, a restituição dos bens apreendidos. O requerente é investigado por crimes que resultaram em expressivos prejuízos à Fazenda Pública", afirmou Gonet. Ele detalhou os danos: R$ 3,5 milhões ao Senado, R$ 2,7 milhões à Câmara dos Deputados, mais de R$ 9 milhões ao Palácio do Planalto e R$ 11,4 milhões ao STF.
Os pedidos da defesa de Costa Neto foram indeferidos pelo relator do caso, ministro do STF Alexandre de Moraes. A defesa, por sua vez, expressou confiança de que, ao final da investigação, Gonet reconhecerá a inocência de seu cliente.
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