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    Reunião de Ramagem e Bolsonaro é um "escândalo", dizem investigadores da PF: 'saíram usando o Estado em benefício próprio'

    Investigadores da Polícia Federal dizem que as ações que se seguiram à reunião contradizem a defesa feita por Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin

    Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem Rodrigues (Foto: Carolina Antunes/PR | Reprodução)

    247 - Investigadores da Polícia Federal (PF) acreditam que as ações que se seguiram à reunião gravada no Palácio do Planalto contradizem a defesa do deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL-RJ), que afirmou não ter havido nada ilegal no encontro, diz o jornalista Valdo Cruz em sua coluna no g1.

    A reunião ocorreu em 25 de agosto de 2020 e contou com a presença de Jair Bolsonaro (PL), Ramagem, o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e as advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Luciana Pires e Juliana Bierrenbach. Nesta segunda-feira (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes liberou o sigilo da gravação, encontrada em um dispositivo eletrônico de Ramagem.

    De acordo com a PF, após a reunião em que foram discutidas as investigações da Receita Federal sobre a suposta "rachadinha" envolvendo Flávio Bolsonaro, agentes da Abin começaram a espionar auditores da Receita em busca de informações comprometedoras. “Eles saíram usando a estrutura do Estado para benefício próprio”, declarou um investigador. Essa conduta, segundo a PF, desmente a defesa de Ramagem e das advogadas, que ressaltaram o trecho do áudio em que Bolsonaro afirma não agir para beneficiar ninguém.

    Ainda conforme a reportagem, os agentes da Polícia Federal consideram que o "simples fato" de Bolsonaro reunir a chefia da Abin, do GSI e as advogadas de seu filho para discutir o caso já configura um "escândalo". Os investigadores argumentam que o presidente da República não deveria utilizar as dependências públicas para tratar de assuntos de interesse pessoal e nem convocar a Abin e o GSI para elaborar uma estratégia de defesa visando blindar o filho das investigações da Receita Federal.

    O áudio divulgado revela uma discussão entre Bolsonaro, Ramagem, Heleno e as advogadas de Flávio Bolsonaro sobre formas de anular investigações da Receita Federal. Bolsonaro autorizou as advogadas a procurarem assessores no Serpro e na Receita Federal para obter dados que pudessem ser usados na defesa do senador. Em um ponto da conversa, Bolsonaro destaca a necessidade de cautela para evitar que a conversa fosse gravada, e Heleno enfatiza que tudo deveria ser feito de forma sigilosa.

    A PF avalia que o áudio comprova que Bolsonaro utilizou a estrutura do governo para tentar livrar o filho das investigações no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em outro trecho, Bolsonaro menciona que o então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, teria oferecido ajuda para proteger Flávio Bolsonaro, em troca da nomeação de uma pessoa de sua confiança para o STF.

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