Google atribui a parceiros terceirizados erro na cotação do dólar
Discrepância na cotação durante o feriado de Natal gera intervenção da AGU e questionamentos sobre a precisão dos dados
247 – Mesmo durante o feriado de Natal, quando os mercados financeiros globais permanecem fechados, a cotação do dólar exibida pelo Google causou alvoroço nesta quarta-feira (25). Quem pesquisou a cotação da moeda americana contra o real no buscador encontrou um valor recorde de aproximadamente R$ 6,40, divergindo significativamente dos números observados no mercado de câmbio à vista na segunda-feira (23), quando o valor real é de R$ 6,18.
Não é a primeira ocorrência de divergência entre as cotações exibidas pelo Google e as oficiais. Em novembro passado, após a eleição presidencial dos Estados Unidos, o buscador informou erroneamente que o dólar havia ultrapassado a marca de R$ 6, o que posteriormente foi corrigido pela empresa. Desta vez, o erro levou o Google a retirar novamente a cotação após a constatação da discrepância.
Em comunicado, o Google esclareceu que os dados em tempo real apresentados na busca são provenientes de provedores globais terceirizados de dados financeiros, mencionando especificamente a Morningstar como fonte neste caso. “Trabalhamos com nossos parceiros para garantir a precisão e investigar e solucionar quaisquer preocupações”, afirmou a empresa, segundo reportagem do Valor.
A situação ocorre em um contexto de forte desvalorização do real, atribuída à piora na percepção de risco, impactando diversos ativos domésticos e aumentando o fluxo de saída de dólares nesta época do ano. Até o dia 19 de dezembro, o fluxo cambial parcial já somava US$ 14,69 bilhões em saída.
Em resposta à discrepância na cotação, a Advocacia-Geral da União (AGU) acionou o Banco Central (BC) nesta quarta-feira, solicitando esclarecimentos sobre a diferença apresentada pelo Google. Jorge Messias, advogado-geral da União, declarou: “A atuação da Advocacia-Geral da União tem como objetivo combater a desinformação de dados econômicos de grande relevância para a sociedade brasileira”. A AGU busca entender as inconsistências, já que a cotação oficial do dólar no fechamento anterior era de R$ 6,18 e, devido ao feriado, a Ptax não foi definida.
Fontes apontam que a discrepância pode ter ocorrido devido ao uso de dados do mercado OTC (over-the-counter) pelos provedores do Google, onde as negociações ocorrem de forma paralela e menos regulamentada, especialmente em períodos de feriado, resultando em cotações distantes da média oficial.
Enquanto o Google corrigiu a informação removendo a cotação, outras plataformas que utilizam dados do mercado OTC continuaram a mostrar uma desvalorização do real que não condiz com o comportamento observado no mercado oficial. Na noite desta quarta, o dólar chegou a ser cotado a R$ 6,7266, uma alta de 8,92%, uma variação que seria improvável de ocorrer no mercado brasileiro devido aos mecanismos de controle e limites de oscilação estabelecidos pela B3.
O Banco Central, por sua vez, manteve-se em silêncio sobre o ocorrido, não comentando oficialmente sobre a discrepância das cotações.
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