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      Motta compara "tarifaço" de Trump ao 11 de Setembro e vê retorno ao "mercantilismo"

      Presidente da Câmara diz que novo ciclo de tarifas dos EUA marca ruptura com o multilateralismo e acende alerta sobre impactos para o Brasil

      Hugo Motta (Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)
      Paulo Emilio avatar
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      Marina Verenicz, Infomoney - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez nesta segunda-feira (7) uma comparação ao comentar o novo pacote tarifário imposto pelos Estados Unidos sob a gestão de Donald Trump. Segundo o parlamentar, o impacto da medida pode ser comparado ao dos atentados de 11 de setembro de 2001, que alteraram a ordem geopolítica global.

      “Assim como o 11 de setembro mudou a conformação política mundial e provocou uma readequação de forças, temos agora o 2 de abril como uma mudança de parâmetro, de comportamento, para os países que tinham como concepção o multilateralismo”, afirmou Motta durante palestra na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

      O deputado se referia ao anúncio de tarifas contra 185 países, com alíquotas que vão de 10% a 49% sobre diversos produtos importados — incluindo uma taxa de 10% sobre o Brasil.

      Para Hugo Motta, as novas tarifas representam mais do que um embate comercial. “Elas nos levam a tempos retrógrados, de bilateralismo e mercantilismo”, avaliou. Ele ponderou ainda que, embora alguns enxerguem oportunidades para o Brasil diante da disputa entre China e EUA, o momento exige cautela.

      “Esse cenário que alguns trazem como oportunidade para países emergentes, eu não tenho tanta certeza. Nosso maior parceiro comercial, a China, está entrando em rota de colisão com os EUA. Apostar que o Brasil vai sair ganhando com isso… acho que precisamos esperar um pouco para ver”, declarou.

      Reações globais e temor nos mercados - A resposta da China a tarifação foi rápida: o governo de Pequim anunciou uma retaliação proporcional, com tarifas adicionais de 34% sobre produtos norte-americanos a partir de 10 de abril. A escalada aumentou o temor de uma guerra comercial prolongada entre as duas maiores economias do mundo.

      O impacto já chegou aos mercados. As bolsas globais abriram em queda generalizada nesta segunda-feira. Nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street recuaram com força. No Brasil, o Ibovespa iniciou o dia em baixa acentuada, refletindo a aversão ao risco e os receios de uma recessão global.

      Brasil entre o pragmatismo e a retaliação - Na semana passada, o Congresso brasileiro aprovou a chamada Lei da Reciprocidade, que permite ao governo adotar contramedidas comerciais contra países que prejudiquem as exportações nacionais. Apesar disso, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e diplomatas do Itamaraty defendem que o diálogo deve prevalecer neste momento.

      O governo Lula tem evitado declarar guerra comercial, mas o tom adotado por Hugo Motta sinaliza o incômodo do Legislativo com a postura americana e pressiona o Planalto a adotar uma posição mais assertiva.

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