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      Planalto prevê novos recuos de Trump em guerra comercial

      Ministros e aliados do Planalto avaliam que presidente dos EUA será forçado a recuar ainda mais nas tarifas, diante da forte reação interna

      Presidente dos EUA, Donald Trump, no Rose Garden da Casa Branca em Washington, D.C. - 2/4/2025 (Foto: REUTERS/Leah Millis)
      Paulo Emilio avatar
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      247 - O governo brasileiro avalia que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — reeleito para um segundo mandato em 2025 — poderá ser obrigado a fazer concessões ainda maiores no chamado “tarifaço”, em razão da crescente resistência dentro do próprio território dos EUA.

      Segundo interlocutores do governo Lula (PT) ouvidos pela coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Trump já deu um primeiro sinal de recuo ao anunciar uma suspensão de 90 dias para negociações, reduzindo provisoriamente as tarifas de importação para o piso de 10% em quase todos os casos. Para ministros e autoridades envolvidas nas discussões, essa medida sinaliza que novas flexibilizações podem ocorrer, inclusive no caso da China, principal alvo das sanções, com sobretaxa de até 125%.

      “As contradições e interesses internos dos EUA vão dificultar, ou até mesmo impedir, a implantação das medidas anunciadas por Trump”, afirmou um interlocutor com acesso direto às discussões com o presidente Lula., de acordo com a reportagem. A mesma fonte acrescentou que a tentativa de impor barreiras comerciais tão amplas — com impacto sobre mais de 180 países — esbarra na complexidade do sistema econômico global. “É difícil implantar uma medida que, além disso, mexe com o mundo todo”, observou.

      Diante desse cenário, o Palácio do Planalto decidiu manter a cautela. O governo brasileiro ainda não anunciou qualquer retaliação às tarifas impostas por Washington. A estratégia é aguardar os próximos desdobramentos, com a expectativa de que Trump não consiga sustentar as restrições em sua integralidade.

      O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou na terça-feira (8) que ainda não é o momento de agir: “Não é o momento agora de anunciar medida. É tentar ver se a poeira abaixa, se estabiliza, para que nós possamos começar a nos movimentar”, afirmou.

      Além da pressão política, Trump também tem enfrentado forte oposição do setor financeiro. Diversos bilionários que apoiaram sua campanha manifestaram-se publicamente contra o tarifaço. Um dos mais veementes foi Bill Ackman, diretor da Pershing Square, que comparou a iniciativa a uma “guerra nuclear atômica”. Foi dele a sugestão para a trégua de 90 dias, acatada dois dias depois pelo presidente. Ackman agradeceu a decisão publicamente, “em nome de todos os americanos”.

      O megainvestidor Stanley Druckenmiller também se posicionou contra a medida. Já Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), atacou Peter Navarro — assessor de Trump e defensor das tarifas — chamando-o de “imbecil” e “mais burro do que um saco de tijolos”, após ter sido desqualificado como simples montador de carros. Musk é conselheiro de Trump e também diretor do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), responsável por cortar gastos do governo estadunidense.

      A opinião pública também tem reagido negativamente. Segundo levantamento monitorado pelo estatístico Nate Silver, três institutos de pesquisa identificaram queda na aprovação de Trump logo após o anúncio do tarifaço. Em média, 50,1% dos norte-americanos agora desaprovam sua gestão, contra 46,3% de aprovação.

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