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      Reunião do BC com bancos reforça articulação para salvar Master e proteger sistema financeiro

      Encontro em caráter extraordinário entre Galípolo e executivos de Bradesco, Itaú, Santander e BTG eleva expectativas de solução rápida

      Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participa de entrevista coletiva na sede da autarquia em Brasília 27/03/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Em reunião extraordinária realizada na tarde de sábado (5), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, recebeu os dirigentes dos quatro maiores bancos privados do país — Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e BTG Pactual — para discutir uma solução célere e estruturada para a operação de aquisição do Banco Master pelo BRB (Banco de Brasília). A informação é da Folha de S. Paulo, que ouviu fontes diretamente envolvidas nas negociações.

      O encontro, que ocorreu entre 14h30 e 15h30 na sede do BC em São Paulo, sinaliza uma movimentação coordenada entre o setor público e os grandes players do sistema financeiro para evitar riscos de instabilidade. Em pauta, esteve a criação de uma engenharia financeira que envolva o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) e a destinação dos ativos considerados problemáticos do Master, como precatórios e créditos de difícil liquidez, que ficaram fora da parte adquirida pelo BRB.

      Soluções em análise: consórcio ou divisão dos ativos

      Uma das alternativas discutidas no encontro seria a formação de um consórcio entre os grandes bancos para absorver o chamado "espólio" do Master, ou seja, os ativos com maior risco e menor liquidez — como precatórios, direitos creditórios de ações judiciais e participações acionárias. Nessa hipótese, o FGC garantiria o fluxo de caixa dos ativos durante a transição.

      Outra possibilidade levantada é a aquisição dos precatórios pelo BTG Pactual, enquanto Bradesco, Itaú e Santander assumiriam o restante da carteira do banco. De acordo com a Folha, ambas as alternativas foram debatidas no encontro, que teve caráter exploratório, sem deliberação final.

      Os bancos agora analisam em profundidade a qualidade e os riscos dos ativos em questão. Há a expectativa de que uma solução definitiva seja apresentada até meados da próxima semana.

      Participações e bastidores

      Além de Galípolo, participaram da reunião o diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, e representantes do FGC, além de altos executivos dos bancos convidados. Também estavam em São Paulo os diretores Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira, do BC.

      A iniciativa de envolver diretamente os grandes bancos privados partiu após uma tentativa frustrada de reunião virtual entre Galípolo e o presidente do FGC, Daniel Ferreira Lima, marcada inicialmente para quinta-feira (3), mas cancelada e remarcada com a inclusão dos banqueiros para o sábado.

      Nos bastidores, o chairman do BTG Pactual, André Esteves, vinha negociando uma saída com Daniel Vorcaro, dono do Master. As conversas envolviam o uso do FGC para cobrir eventuais problemas de lastro e o pagamento de cerca de R$ 3 bilhões pela carteira de precatórios. Apesar disso, o BTG divulgou dois comunicados ao mercado — o mais recente na sexta-feira (4) — negando qualquer proposta formal de aquisição de ativos ou participação no capital social do banco Master.

      FGC no centro do debate

      A cobertura oferecida pelo FGC — limitada a R$ 250 mil por correntista — também está no foco das discussões. De acordo com a Folha, os grandes bancos têm pressionado o Banco Central por uma revisão nas regras do fundo. A ideia seria instituir uma contribuição adicional para instituições que desejam captar mais recursos lastreados no FGC, penalizando operações mais arriscadas, sobretudo de bancos médios e pequenos, como o Master.

      Segundo dados do próprio BC, os CDBs do Master representam atualmente 42% do valor total garantido pelo fundo. O último balanço do FGC, de junho de 2024, aponta que o fundo dispõe de R$ 107,8 bilhões para cobrir eventuais quebras no sistema. Os depósitos a prazo do Master, por sua vez, somavam R$ 45,6 bilhões no mesmo período.

      Impacto e próximos passos

      A agenda extraordinária em pleno sábado reforça o caráter urgente do tema. Embora a reunião com os grandes bancos não tenha sido conclusiva, já há previsão de novos encontros com instituições financeiras de menor porte, sugerindo que o Banco Central busca uma resposta sistêmica para o caso.

      Em nota oficial, o BC afirmou que “realiza reuniões periodicamente com integrantes do sistema financeiro para tratar de assuntos referentes à estabilidade financeira” e explicou que o encontro foi marcado excepcionalmente no fim de semana para conciliar as agendas dos participantes.

      Galípolo permanece em São Paulo no início da próxima semana para participar de um evento organizado pelo BC e, na terça-feira (8), será ouvido pela CPI das Bets, no Senado Federal.

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