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      Solução em estudo para Master envolve BTG, grandes bancos e FGC, dizem fontes

      Banco Central avalia cenário com múltiplas alternativas enquanto setor financeiro costura acordo conjunto para ativos ilíquidos do Master

      Banco Master (Foto: Divulgação)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O futuro do Banco Master permanece indefinido, mesmo após o anúncio da venda de parte de suas operações ao Banco de Brasília (BRB). De acordo com reportagem do Valor Econômico, as conversas no setor bancário indicam que uma solução mais ampla — e de natureza privada — ainda está sendo considerada. Essa saída envolveria o BTG Pactual, outros grandes bancos e o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que assumiriam os ativos menos líquidos da instituição controlada por Daniel Vorcaro.

      As discussões incluem Itaú Unibanco, Bradesco e Santander, embora ainda não esteja claro se todos aceitarão participar de uma solução conjunta. Fontes próximas às negociações revelaram ao Valor que, mesmo com o acordo já assinado entre o Master e o BRB, há um entendimento de que ambas as frentes — BRB e iniciativa privada — são interdependentes e devem avançar simultaneamente. Ainda assim, alguns interlocutores defendem o abandono da alternativa que envolve o banco brasiliense.

      Cindindo o Master: ativos de R$ 23 bilhões ou mais

      Parte essencial do plano está na cisão do grupo, ainda com valores indefinidos. Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, afirmou inicialmente que R$ 23 bilhões em ativos ficariam de fora da negociação. Já Daniel Vorcaro estimava algo entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões. Fontes ouvidas pelo Valor indicam, porém, que esse volume pode ter crescido substancialmente. Essa parte cindida inclui precatórios, direitos creditórios judiciais e fundos de ações que representam as participações do Master em diversas empresas estruturadas nos últimos anos.

      Segundo a apuração do jornal, o BTG Pactual, que havia demonstrado interesse na totalidade do banco no final de 2023, retornou às conversas para tratar especificamente desses ativos. À época, o BTG chegou a desenhar uma proposta que previa a criação de um fundo com participação dos grandes bancos privados, com garantia oferecida pelo FGC. Essa ideia, embora não esteja no centro do debate agora, continua em consideração.

      Risco sistêmico e o papel do FGC

      O envolvimento do FGC é visto por fontes do setor não apenas como um suporte à transação, mas como medida preventiva de proteção ao sistema financeiro. Um colapso do Master poderia ter consequências relevantes devido à forte dependência da instituição em captações via plataformas de investimento junto a pessoas físicas e ao volume expressivo de ativos ilíquidos, como precatórios, que podem valer menos que seus valores de face no mercado.

      Nesse contexto, o FGC poderia atuar garantindo os depósitos — cerca de R$ 16 bilhões vencem em 2025 — enquanto os bancos privados absorveriam os ativos remanescentes. Apesar dos riscos, há um possível incentivo para as instituições envolvidas: a ativação de créditos fiscais relacionados a prejuízos com esses ativos, o que representaria um benefício contábil relevante.

      A tensão com o Banco Central

      O movimento de Vorcaro, ao selar o acordo com o BRB, surpreendeu os grandes bancos e colocou o Banco Central em uma posição delicada. Caso o BC rejeite a transação e não haja alternativa, o problema pode se agravar. Por outro lado, se aprová-la isoladamente, corre-se o risco de perpetuar o modelo atual de captação do Master — emissão de CDBs com cobertura do FGC para financiar investimentos arriscados.

      Na última sexta-feira, data da assinatura do acordo com o BRB, os bancos envolvidos enviaram ao Banco Central um extenso dossiê, com quase 2,6 mil páginas e 30 anexos, detalhando os termos da transação e seus impactos. Um dos executivos próximos às tratativas declarou ao Valor:

       “Acho que as duas coisas tendem a andar juntas [acordo do Master com o BRB e o outro acordo para a parte cindida]. É bom para o Master, para o BRB, eventualmente para o BTG ou outro comprador, bom para o sistema financeiro e bom para o BC”.

      Encontro estratégico com Galípolo

      Neste sábado (5), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, se reunirá em São Paulo com os CEOs de Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, BTG Pactual e do FGC. A pauta oficial, segundo o BC, será “tratar de assuntos institucionais”, mas a expectativa é que a situação do Banco Master figure como um dos principais temas da conversa.

      BTG, Itaú, Bradesco e Santander optaram por não comentar o assunto. Em comunicado ao mercado, o BTG reiterou que nunca realizou diligência nos ativos do Master nem apresentou proposta formal de aquisição.

      A operação, complexa e de alto risco, revela os esforços do setor para evitar uma crise sistêmica e expõe o papel crucial do Banco Central na regulação de iniciativas que, embora negociadas privadamente, têm grande impacto público.

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