Galípolo se reúne com bancos e decisão sobre venda do Master ao BRB pode sair na semana que vem
Representantes dos bancos privados do Brasil também discutem com o presidente do BC mudanças no FGC
247 - Uma reunião extraordinária realizada neste sábado (5), entre o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e os principais executivos dos quatro maiores bancos privados do país — Bradesco, BTG Pactual, Itaú e Santander — reforçou a expectativa de uma definição célere para a operação de aquisição do Banco Master pelo BRB (Banco de Brasília), informa a Folha de S. Paulo.
O encontro, inicialmente marcado apenas com o presidente do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), Daniel Ferreira Lima, e previsto para quinta-feira (3), foi adiado e remarcado para sábado, já com a presença dos banqueiros. O FGC tem papel central nas negociações, pois é o instrumento que assegura até R$ 250 mil por cliente em depósitos ou investimentos em caso de quebra de instituições financeiras.
Acordo busca solução para ativos não adquiridos - A articulação gira em torno de um possível acordo que contemple não apenas o BRB e o Master, mas também o FGC e os bancos privados. A operação prevê o repasse de parte do banco do empresário Daniel Vorcaro ao BRB, mas deixou de fora ativos considerados de alto risco e baixa liquidez, como precatórios (dívidas do poder público reconhecidas pela Justiça), direitos creditórios de ações judiciais e ações de empresas.
A ideia discutida nos bastidores é que um consórcio formado pelos grandes bancos assuma esses ativos problemáticos, com a garantia de fluxo de caixa fornecida pelo FGC. A expectativa é de que uma solução completa, envolvendo também essa carteira apartada, seja definida até meados da próxima semana.
BTG nega interesse em aquisição, mas esteve nas negociações - O chairman e sócio sênior do BTG Pactual, André Esteves, chegou a negociar diretamente com Daniel Vorcaro uma proposta que envolveria a cobertura do FGC para operações de risco e o pagamento de cerca de R$ 3 bilhões pela carteira de precatórios. Esteves esteve com Galípolo na segunda-feira (31), logo após o anúncio da venda da parte do Master para o BRB na sexta anterior (28).
Apesar disso, após questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o BTG divulgou comunicados negando qualquer proposta formal de aquisição de ativos ou participação no capital do banco Master. A negativa foi reiterada em nota publicada na sexta-feira (4).
Grandes bancos querem nova regra para o FGC - Outro ponto debatido no encontro diz respeito à proposta de reformulação das regras do FGC. Os grandes bancos pressionam o Banco Central por mudanças que tornem o modelo de cobertura mais criterioso. Pela sugestão em discussão, instituições financeiras que desejem captar mais recursos com base na proteção do fundo teriam que contribuir com uma taxa extra, funcionando como um desestímulo ao aumento do risco. A medida atingiria especialmente os bancos médios e pequenos.
O caso do Banco Master ilustra essa preocupação. A instituição tem como uma de suas principais estratégias a oferta de CDBs (Certificados de Depósito Bancário) com elevada remuneração, o que impulsiona a captação, mas também aumenta a exposição do FGC. Segundo dados do Banco Central, os depósitos a prazo do Master totalizavam R$ 45,6 bilhões em junho de 2024 — valor que representa 42% do patrimônio disponível do fundo, estimado em R$ 107,8 bilhões no mesmo período.
BC quer resposta rápida - Nos bastidores do Banco Central, a avaliação predominante é de que o caso exige uma resolução rápida. Técnicos da instituição veem como fundamental a celeridade nas tratativas para evitar instabilidades e garantir a proteção dos investidores. A realização da reunião em um sábado, fora da agenda habitual, reforça o grau de prioridade dado à questão pela autoridade monetária.
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