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    “O fascismo é um jogo de linguagem que impede o diálogo”, diz Márcia Tiburi

    Filósofa analisa a radicalização política no Brasil e alerta sobre o impacto do "psicopoder" na sociedade

    Marcia Tiburi (Foto: Kamilla Ferreira/Agência PT)

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    247 – A filósofa Márcia Tiburi afirmou em entrevista ao programa Boa Noite 247 que o fascismo contemporâneo funciona como um "jogo de linguagem" que bloqueia o diálogo e estimula comportamentos extremos. Tiburi relacionou o ataque de Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado com explosivos na Praça dos Três Poderes, ao que chamou de "psicopoder" — um sistema de manipulação que atua sobre a mente e a subjetividade das pessoas.

    “Esse homem não enlouqueceu sozinho. Ele é um efeito de um processo psíquico, linguístico e político. É um delírio coletivo orquestrado, alimentado pela polarização e pela repetição de discursos de ódio”, afirmou.

    Para Tiburi, o fascismo cria uma dinâmica em que os indivíduos repetem os discursos de líderes autoritários sem reflexão crítica: “Não há escuta, apenas repetição de clichês e discursos negacionistas, preconceituosos e cheios de ódio. A linguagem fascista não constrói diálogo, ela destrói.”

    A filósofa também destacou que a radicalização política no Brasil tem raízes em uma manipulação emocional e ideológica promovida por líderes e instituições: “O psicopoder é o cálculo que o poder faz sobre o que as pessoas pensam, sentem e acreditam. É típico do capitalismo, que depende da cabeça das pessoas para sobreviver. As igrejas e os políticos de extrema direita exacerbam isso, manipulando desejos e medos.”

    Em relação ao atentado, Tiburi ressaltou que atos como o de Francisco Wanderley Luiz são metonímias — partes que representam o todo — da sociedade polarizada: “A morte dele é uma metáfora do que acontece com muitos que são capturados por essa lógica. Eles atiram nos outros, mas acertam em si mesmos.”

    Alerta sobre a mobilização fascista

    Tiburi avaliou que, embora o fascismo no Brasil tenha mostrado sinais de enfraquecimento após o 8 de janeiro, ele continua ativo e se reorganizando: “Eles seguem operando clandestinamente, avançando seus jogos de poder. O que aconteceu agora é uma catástrofe política e humana, mas aponta para novas ondas de ódio e violência que podem eclodir nos próximos anos, especialmente em 2026.”

    A filósofa também fez críticas à ausência de políticas governamentais voltadas para a “desfascistização” da sociedade: “A negligência do governo em enfrentar a fascistização é um grande erro. Há ministérios e instituições que poderiam estar trabalhando ativamente nisso, mas não estão. Essa falta de ação pode levar a uma derrota em 2026.”

    Encerrando a entrevista, Tiburi reforçou a necessidade de vigilância e responsabilidade coletiva: “Todos nós precisamos estar atentos e combater essa lógica do ódio e do psicopoder, mas é preciso que as instituições assumam suas responsabilidades. A luta contra o fascismo é uma luta pela preservação da nossa democracia.” Assista: 

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