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Cineasta decide por aborto legal na 22ª semana devido a complicações fetais graves: “queria poupar minha filha do sofrimento”

Alessandra Tosi descobriu que a filha tinha a Síndrome de Edwards. "O Estado falhou comigo. Se o aborto fosse acessível desde o início, não teríamos passado por tanto sofrimento."

(Foto: Arquivo Pessoal )

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247 - A cineasta Alessandra Tosi tomou uma decisão difícil e dolorosa de realizar um aborto legal na 22ª semana de gestação após descobrir complicações fetais graves em seu bebê. A escolha, marcada por intenso sofrimento físico e emocional, expõe falhas no sistema de saúde e destaca a necessidade de maior compreensão e apoio em situações delicadas como essa.

Em entrevista ao jornal O Globo, Tosi afirmou que ela e o parceiro estavam tentando engravidar há anos e, após uma série de exames normais, conseguiram. No entanto, ao fazer o segundo ultrassom com mais de três meses de gestação, o médico informou que o bebê tinha síndrome de Edwards, uma condição fatal. A notícia foi devastadora. "Estava toda empolgada, mas o médico não abriu a boca. Quando acabou, ele disse que o bebê tinha síndrome de Down. Mais tarde, um especialista confirmou a síndrome de Edwards", conta Tosi

Desesperada e buscando alternativas, Maria consultou sua ginecologista, que foi fria e pouco receptiva. "Ela simplesmente me disse, pelo telefone, 'bom, então, espera nascer'. Eu estava perdida e me senti completamente sozinha", desabafou.

Após dias de angústia, uma amiga sugeriu que Maria procurasse o SUS, onde finalmente encontrou apoio no Hospital Vila Nova Cachoeirinha. Lá, uma médica compreensiva confirmou o diagnóstico fatal e recomendou o aborto legalizado, citando o risco de vida para Tosi e a inviabilidade do feto. "A médica foi a pessoa mais humana que já conheci. Ela segurou minha mão e disse que ia me ajudar", relembra.

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O processo foi burocrático e lento, envolvendo vários exames e um pedido à Defensoria Pública. "Um mês depois, saiu o cariótipo. A médica fez um laudo completo, descrevendo o meu risco de morrer, e a interrupção da gravidez foi autorizada", explicou a cineasta.

No hospital onde o aborto foi realizado, Tosi enfrentou um atendimento desumano e doloroso. "Os médicos não me olharam no olho, me deixaram esperando horas. A pressão começou a subir, e a dor era insuportável", lembra. O procedimento finalmente foi realizado, e Maria pôde segurar sua filha Luna por um breve momento. "Eu conversei com ela e disse que sempre a amaria", disse emocionada.

A experiência deixou marcas profundas. "Fiquei dias na cama, sem dormir, chorando. Meu peito estourou de leite após o parto, e anos depois ainda sinto uma dor e tristeza profunda", desabafou. "O Estado falhou comigo. Se o aborto fosse legal e acessível desde o início, não teríamos passado por tanto sofrimento."

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Tosi está tentando engravidar novamente e transformou sua dor em arte, criando um filme para compartilhar sua experiência. "O filme é a minha maneira de ser mãe da Luna", conclui.

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