“Comunicação não é o essencial do problema do governo Lula", diz Luís Felipe Miguel
Professor da UnB afirma que Lula precisa de mobilização social para conquistar maior apoio
247 – O cientista político Luís Felipe Miguel, professor da Universidade de Brasília, afirmou que a comunicação não é o problema central do governo Lula. “O fato de que Lula começa a reforma ministerial pela Secom sinaliza o alinhamento à tese de que o grande problema do governo é sua comunicação. E, ao escolher para o cargo um marqueteiro, não um político, revela uma compreensão bastante limitada dos desafios que tem pela frente", escreveu ele no Instagram.
“A indicação de Sidônio Palmeira para a Secom mostra que o governo Lula acredita que a popularidade deveria brotar de determinados indicadores que melhoraram, como a redução da miséria e a ampliação do nível de emprego. Se os indicadores melhoram, mas a popularidade não, está claro: o problema é a comunicação", prossegue.
“Há vários problemas neste diagnóstico. Ele revela a permanência de uma visão da política que podia fazer sentido nos dois primeiros mandatos de Lula, mas não faz mais agora, diante de uma extrema-direita radicalizada, com discurso fortemente ideológico. O peso do bem-estar material na avaliação subjetiva dos governos mudou, diante de ameaças etéreas como o ‘comunismo’ ou a ‘ideologia de gênero’”, acrescenta. “Além disso, o peso desses indicadores é sobredimensionado. Se é verdade que o desemprego diminuiu e a miséria recuou, que temos em Brasília um governo de verdade, não a insanidade bolsonarista, por outro lado existe a carestia, existe a falta de um projeto perceptível de desenvolvimento e existe, sobretudo, a incapacidade do governo implementar suas políticas".
Mobilização popular
Luís Felipe Miguel também afirma que Lula deveria mobilizar sua base de apoio. “Na verdade, nas circunstâncias em que nos encontramos, o governo não precisa de popularidade, mas de apoio. Isto é, precisaria ser capaz de mobilizar sua base social contra adversários claramente identificados que impedem qualquer tipo de avanço. Em suma: mais do que de marketing, o governo está precisando de agitprop", apontou. “Aproveito para explicar ‘agitprop’, expressão que, percebo, as novas gerações não conhecem. É o trabalho de agitação e propaganda dos partidos revolucionários da tradição leninista.”
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