TV 247 logo
      HOME > Margem Equatorial

      “Com a Margem Equatorial, o Amapá pode duplicar seu PIB a cada dois anos”, diz o economista Charles Chelala

      Economista aponta impactos da exploração de petróleo na costa do Amapá e defende medidas para evitar desigualdades e distorções sociais

      Charles Chelala (Foto: Paulo Victor Lago/Log Produções & Filmes/Brasil 247)
      Redação Brasil 247 avatar
      Conteúdo postado por:

      247 – Em sua participação no evento Margem Equatorial e Políticas Públicas, realizado no dia 26 de março, em Brasília, pelo Brasil 247, pela TV 247 e pelo site Agenda do Poder, o economista Charles Chelala apresentou uma análise detalhada sobre os impactos econômicos da exploração de petróleo na costa do Amapá. O encontro foi considerado o mais completo debate já realizado sobre a Margem Equatorial — nova fronteira energética do Brasil — e reuniu autoridades, especialistas e lideranças políticas.

      Em sua apresentação, Chelala dividiu a análise em duas partes: um diagnóstico da atual economia amapaense e uma avaliação dos possíveis impactos da produção de petróleo em alto-mar. “O impacto positivo é inequívoco e vai transformar a matriz econômica hoje dependente do poder público no Amapá”, afirmou.

      Segundo ele, o estado tem um dos menores PIBs do país — cerca de R$ 23 bilhões, o equivalente a apenas 0,2% da economia nacional. A maior parte dessa riqueza está concentrada no setor de serviços, com a administração pública respondendo por metade do PIB estadual. “A economia amapaense é, de fato, uma economia do contracheque público”, afirmou.

      Apesar da baixa industrialização e da alta informalidade (com 37,5% da população sem carteira assinada), Chelala apontou avanços recentes, como a redução da taxa de desocupação de 14% para 8,7% e o maior crescimento proporcional de empregos formais no país em 2024: 10%, segundo o Caged.

      Ele alertou, no entanto, para distorções como o déficit de R$ 7 bilhões na balança comercial interestadual — o Amapá importa da federação mais do que exporta — e citou exemplos: “A gente compra mandioca do Pará, peixe do Mato Grosso e até hortifrúti do Nordeste”, ironizou.

      Na segunda parte da exposição, Chelala apresentou cenários baseados em estudos do Observatório Nacional da Indústria. No cenário conservador, com produção de 50 mil barris por dia, o PIB do estado poderia crescer 23% ao ano e dobrar em quatro anos. No cenário mais otimista, com 100 mil barris diários, o PIB dobraria a cada dois anos, com a geração de 54 mil novos empregos, R$ 2,3 bilhões em receitas e aumento de 29% na arrecadação tributária.

      “O Amapá pode duplicar seu PIB a cada dois anos”, reiterou, destacando o potencial transformador da atividade petrolífera na costa amazônica. Ele rebateu preocupações sobre supostos impactos em corais, afirmando que “nunca existiram corais vivos na área”, e citou estudos do Greenpeace que indicam que a dispersão de óleo não atingiria o litoral brasileiro.

      Repactuação dos royalties

      Mesmo com o otimismo, o economista alertou para riscos históricos dos grandes projetos na Amazônia, mencionando os casos do projeto Jari e da extração de manganês. Chamou atenção especialmente para a vulnerabilidade do município de Oiapoque, que pode sofrer forte pressão com a chegada da indústria petrolífera. “Hoje, 91% da população de Oiapoque não tem acesso à água tratada, e o município sequer está interligado ao sistema nacional de energia”, disse. A região enfrenta ainda alta mortalidade infantil, falta de esgotamento sanitário e precariedade da BR-156.

      Diante disso, defendeu a “repactuação dos royalties” com foco na mitigação dos impactos sociais. Manifestou apoio ao projeto de lei do senador Randolfe Rodrigues que destina 20% dos royalties à preservação ambiental, infraestrutura e desenvolvimento sustentável. “Não basta arrecadar ICMS, ISS e royalties. É necessário responsabilidade social direta, especialmente da Petrobras e dos entes públicos.”

      Chelala também apontou medidas urgentes como qualificação da mão de obra, investimentos em infraestrutura, interligação elétrica e valorização das vocações econômicas locais — como bioeconomia, pesca, fruticultura, turismo e agropecuária sustentável. Defendeu ainda a reestruturação da mineração e a reativação do setor logístico, com a recuperação do porto e da ferrovia de Serra do Navio.

      Por fim, sublinhou a importância de inserir o Amapá nas estratégias de transição energética, explorando potenciais em energia solar, eólica, biomassa e hidrogênio verde. “O petróleo pode ser a alavanca de transformação. Mas o desafio é garantir que o desenvolvimento seja sustentável, inclusivo e perene”, concluiu. Assista:

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Relacionados