Financiamento climático avança na COP29, mas metas continuam abaixo do necessário
Cúpula em Baku estabelece aporte de US$ 300 bilhões anuais, mas frustra países em desenvolvimento
247 – Depois de negociações acaloradas que ultrapassaram 30 horas do cronograma original, os países membros da Convenção do Clima da ONU chegaram a um acordo na COP29, realizada em Baku, Azerbaijão. A decisão estabeleceu um aporte de US$ 300 bilhões anuais para financiamento climático até 2035, um resultado que evitou o fracasso da cúpula, mas gerou descontentamento entre países em desenvolvimento, segundo reporta a Folha de S. Paulo
O valor aprovado ficou muito abaixo dos US$ 1,3 trilhão exigidos por países vulneráveis como Bolívia, Cuba e Índia. Delegados de pequenos Estados insulares e nações menos desenvolvidas expressaram frustração com o que consideram um compromisso insuficiente frente à gravidade da crise climática. “Estamos entre os mais impactados por uma crise que não causamos, mas continuamos ignorados e desrespeitados”, criticou Cedric Schuster, representante de Samoa pela aliança Aosis.
Um dos resultados mais relevantes foi o lançamento do programa de trabalho "Baku-Belém", que busca alcançar o patamar mínimo de US$ 1,3 trilhão em financiamento climático. A COP30, prevista para 2025 em Belém, será uma oportunidade crucial para o Brasil liderar os esforços por maior ambição climática. Em discurso durante a cerimônia de passagem da presidência, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ressaltou que o país está comprometido em desempenhar um papel estratégico na construção de soluções mais abrangentes e equitativas.
Países ricos sob críticas por resistirem ao aumento de ambição climática
Grande parte das dificuldades nas negociações foi atribuída à postura dos países desenvolvidos, que resistiram a elevar os aportes financeiros. A União Europeia, os Estados Unidos e o Canadá foram apontados como os principais bloqueadores de um financiamento mais robusto, dificultando o avanço das discussões. Além disso, a tentativa de incluir países emergentes como doadores obrigatórios, especialmente a China, o Brasil e os petroestados do Golfo, foi amplamente rejeitada pelos países em desenvolvimento, que destacaram a necessidade de manter o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas.
Outro ponto importante foi a regulamentação das regras para o mercado de carbono, prevista no Artigo 6 do Acordo de Paris. Apesar de críticas ao processo acelerado de aprovação conduzido pela presidência azeri, o avanço foi recebido como um sinal positivo. Especialistas apontam que o Brasil pode aproveitar o novo mercado para expandir iniciativas de restauração florestal e preservação ambiental. "Embora ainda haja desafios, a regulamentação oferece potencial para o Brasil se destacar no mercado de carbono", afirmou Alexandre Prado, do WWF-Brasil.
Apesar do acordo em Baku, o valor aprovado está longe de atender às demandas dos países mais vulneráveis, que continuam pressionando por um financiamento climático mais justo e significativo. O Brasil, como próximo anfitrião, terá o desafio de liderar as negociações em Belém, buscando avanços concretos que possam ampliar a ambição climática global e fortalecer a solidariedade internacional.
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