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Assange foi inspiração para esmiuçar espionagem dos EUA contra Lula, conta Fernando Morais

Jornalista conta que o presidente Lula, que estava preso injustamente em Curitiba, assinou "16 folhas em branco" para requerer ao governo dos EUA os dados

Fernando Morais (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

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247 - Em posse de pelo menos 819 documentos, que somam 3,3 mil páginas de registros comprovando o monitoramento do presidente Lula (PT) pelo governo dos Estados Unidos por mais de meio século, o jornalista e escritor Fernando Morais detalhou sua pesquisa ao jornal O Globo. Ele revela que a ideia de solicitar o conteúdo às autoridades norte-americanas surgiu durante uma conversa com Julian Assange, criador do site WikiLeaks.

Morais relembra sua visita a Londres em 2017 para entrevistar Assange. Durante o encontro, que discutiu diversos documentos sigilosos revelados pela equipe do ativista, o jornalista passou a suspeitar da existência de material substancial sobre o ex-líder sindical. Foi então que ele descobriu a possibilidade de requerer esses documentos por meio da Lei de Acesso à Informação dos EUA.

Com a ajuda de seus advogados, Morais solicitou relatórios, levantamentos, e-mails, cartas, minutas de reuniões, registros telefônicos e outros documentos produzidos por todos os órgãos de inteligência americanos. "Precisava de uma procuração, e Lula estava preso à época. Fui a Curitiba e o convenci a assinar 16 folhas em branco (número total de agências). Arrisquei esperar mais tempo, o que de fato aconteceu, mas quis me certificar de que não escondessem nada", narra Fernando Morais.

A CIA produziu a maior parte dos levantamentos sobre Lula. Os documentos incluem planos militares brasileiros, informações sobre a produção da Petrobras e detalhes sobre as relações de Lula com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e com autoridades do Oriente Médio e da China.

Os dados obtidos por Morais serão utilizados na segunda parte da biografia de Lula, ainda sem data de lançamento. O primeiro volume, lançado em 2021 pela Companhia das Letras, já foi traduzido para o chinês, inglês e espanhol. Morais planeja divulgar o material obtido na íntegra.

Morais contou que o final do novo livro já está montado. Pessoas próximas a ele asseguram que seus escritos sobre Lula já foram vendidos para o cinema e em breve ganharão as telonas. "O mote deste segundo volume começa com a derrota de Lula para o Montoro e vai até a eleição dele contra Bolsonaro, passando pelo golpe contra Dilma e a prisão. A cena final é dele abraçando a Janja na sala do hotel de São Paulo, quando o Bonner diz: "atenção, senhoras e senhores, o Tribunal Superior Eleitoral acaba de anunciar que Luíz Inácio Lula da Silva é o novo presidente do Brasil", revela o biógrafo, que testemunhou o momento.

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