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      China Daily: Trump já colhe inflação, recessão e protestos

      Editorial do jornal chinês critica política tarifária do presidente dos Estados Unidos e alerta para o colapso dos mercados

      Milhares protestam contra Trump e Musk nos Estados Unidos (Foto: Reuters)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O jornal China Daily publicou neste domingo um contundente editorial responsabilizando diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelas turbulências econômicas e sociais que se intensificaram no país após o anúncio de novas tarifas sobre produtos importados. A crítica se refere ao pacote de tarifas apresentado na quarta-feira anterior, que, segundo o veículo chinês, já provocou um colapso histórico nos mercados financeiros, desencadeou protestos em massa e levou à aplicação de severas medidas retaliatórias por parte de outros países — especialmente da China.

      A reportagem, divulgada originalmente pela agência Xinhua, destaca que a tentativa de Trump de "revigorar a indústria americana" por meio do que chama de “tarifas recíprocas” resultou, na prática, em prejuízos imediatos e amplos. “O que o presidente dos Estados Unidos colheu foram quedas vertiginosas nos mercados, uma corrida desenfreada às compras e protestos em escala nacional”, afirma o China Daily. O editorial também cita alertas de organizações internacionais sobre o risco de uma recessão nos EUA, com projeção de aumento de 1,5 ponto percentual na inflação do país e impacto negativo de pelo menos 1 ponto percentual no crescimento econômico global neste ano.

      O colapso dos mercados foi agravado por uma nota oficial da Casa Branca divulgada após o fechamento das bolsas, celebrando os “WEEK 11 WINS” do presidente e exaltando uma suposta prosperidade econômica. “Foi mais uma semana de grande sucesso para o povo americano, enquanto o presidente Donald J. Trump continua sua implacável busca por força, prosperidade e paz”, afirmou o comunicado. Horas antes, o índice Dow Jones havia registrado uma queda inédita de mais de 1.500 pontos por dois dias consecutivos, enquanto o S&P 500 acumulou uma perda de 10%.

      Em sua rede Truth Social, Trump adotou um tom desafiador diante da crise: “ONLY THE WEAK WILL FAIL!” (“Só os fracos fracassarão!”). E acrescentou, na mesma linha, que suas políticas “JAMAIS MUDARÃO”, mesmo diante da reação negativa generalizada dos mercados e da sociedade. No fim de semana seguinte, mais de 150 organizações organizaram manifestações em todos os 50 estados americanos, sob o lema Hands Off! (Tirem as mãos!). Embora os protestos tenham abordado várias pautas, o aumento do custo de vida, impulsionado pelas tarifas, foi o estopim das mobilizações.

      A crise também teria abalado o núcleo da equipe econômica da Casa Branca. De acordo com o editorial, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, estaria cogitando deixar o governo após o anúncio das novas tarifas. Ex-gestor de fundos de hedge, Bessent teria se isolado politicamente no governo ao advertir que a política tarifária poderia escalar tensões comerciais globais. Ainda segundo o China Daily, seu apelo para que outros países não retaliem é interpretado como sinal de que até mesmo dentro do governo há consciência sobre os riscos dessa estratégia.

      A China foi a primeira a responder. Na sexta-feira, Pequim anunciou uma taxa adicional de 34% sobre todas as importações dos EUA, igualando o percentual imposto por Washington. As contramedidas também incluíram restrições à exportação de terras raras, suspensão de compras de sorgo, frango e farinha de osso de seis empresas americanas, investigação antitruste contra a DuPont China Group, inclusão de 27 empresas dos EUA em listas de restrição comercial e um processo contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC).

      A resposta chinesa foi interpretada por analistas como um sinal claro de que o conflito comercial pode se aprofundar, ainda que a retaliação tenha sido calculada para evitar uma guerra comercial total. “Se as respostas anteriores da China eram bisturis, desta vez ela sacou a espada”, comenta o editorial. Ainda que os prejuízos atinjam ambos os lados, o texto conclui que os próprios Estados Unidos sentirão com mais força os impactos negativos de sua política tarifária.

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