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      Chefe do Tesouro britânico decreta o fim da globalização após o tarifaço de Trump

      Com tarifas generalizadas impostas pelos Estados Unidos, Darren Jones afirma que modelo global baseado em bens baratos chegou ao fim

      Darren Jones (Foto: Reuters)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O Reino Unido decretou o fim simbólico de uma era. Em entrevista à jornalista Laura Kuenssberg, da BBC, o chefe do Tesouro britânico, Darren Jones, afirmou que “a globalização, como conhecemos nas últimas décadas, chegou ao fim”. A declaração ocorre no contexto da nova ofensiva tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs uma tarifa base de 10% sobre todas as importações e taxas ainda mais altas para determinados países.

      A reportagem foi publicada pelo The Guardian em sua cobertura ao vivo das reações internacionais às tarifas americanas. Questionado se o tempo da “moda rápida e televisores baratos” havia ficado para trás, Jones foi enfático: “Sim, acabou”. Ele alertou que as condições econômicas globais serão mais difíceis daqui em diante e disse que o Reino Unido aposta na diplomacia para fechar um acordo com os EUA. “Estamos tentando fazer um acordo”, afirmou, acrescentando que “temos um resultado melhor que outros países comparáveis como consequência da nossa diplomacia”.

      A nova era do protecionismo

      As declarações de Jones refletem o impacto do pacote tarifário anunciado por Trump, que entrou em vigor no início de abril. Além da tarifa universal de 10%, países como China, Taiwan, Vietnã, Brasil e membros da União Europeia foram alvos de taxas específicas, que variam de 10% a 54%. A justificativa da Casa Branca é buscar uma “reciprocidade” nas relações comerciais, segundo o próprio presidente americano, empossado para seu segundo mandato em janeiro de 2025.

      O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também reagiu. Em artigo publicado no Sunday Telegraph, declarou que “o mundo como conhecíamos se foi” e prometeu utilizar políticas industriais para proteger empresas britânicas. “Estamos prontos para o que vem a seguir. O novo mundo é menos governado por regras estabelecidas e mais por acordos e alianças”, escreveu.

      Reações globais: entre retaliações e cautela

      A resposta internacional ao tarifaço foi ampla. A União Europeia prepara uma lista de produtos americanos que podem ser alvos de tarifas de até US$ 28 bilhões. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou as medidas dos EUA como um “duro golpe para a economia mundial”, mas ainda busca manter o canal de diálogo aberto.

      A China foi a que respondeu com mais contundência, impondo tarifas de 34% sobre todos os produtos americanos, além de restringir exportações de minerais estratégicos. Taiwan, mesmo atingida por uma tarifa de 32%, optou por não retaliar, mas lançou um pacote de ajuda de US$ 2,6 bilhões para suas empresas afetadas.

      Já o Brasil, alvo de uma tarifa de 10%, afirmou que estuda medidas de reciprocidade, inclusive acionando a Organização Mundial do Comércio (OMC). O Canadá, por sua vez, aplicará tarifas de 25% sobre veículos importados dos EUA que não atendam às regras do acordo USMCA.

      Pressão sobre o setor automotivo

      O setor automotivo foi um dos mais atingidos. No Reino Unido, a Jaguar Land Rover anunciou a suspensão das exportações para os EUA. A Stellantis, dona de marcas como Jeep e Citroën, interrompeu temporariamente a produção no México e no Canadá e anunciou demissões em fábricas nos Estados Unidos.

      Curiosamente, o sindicato United Automobile Workers (UAW) declarou apoio às medidas de Trump. O presidente da entidade, Shawn Fain, disse que os novos impostos sinalizam um “retorno às políticas que priorizam os trabalhadores que constroem este país – e não a ganância de corporações implacáveis”.

      O tarifaço de Trump, que provocou perdas de quase US$ 5 trilhões nas bolsas globais, representa mais do que uma medida econômica: marca a ruptura de um modelo internacional baseado em trocas abertas, bens baratos e integração de cadeias produtivas. Para muitos governos, a era da globalização, ao menos em sua forma tradicional, realmente chegou ao fim.

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