Denúncia da PGR causou "considerável abalo para a imagem de Bolsonaro" nas redes, aponta levantamento

247 - Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) dominaram a repercussão digital sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele, entre os dias 18 e 19 de fevereiro. Segundo levantamento do Instituto Democracia em Xeque, repercutidos pelo jornal O Globo, a base bolsonarista concentrou 49% de todas as interações sobre o tema nas redes sociais, enquanto perfis alinhados à esquerda ficaram com 24% e a imprensa respondeu por 21% do debate.

Os dados, divulgados pelo instituto, revelam que, apesar da intensa mobilização dos aliados do ex-mandatário, a acusação trouxe um “considerável abalo para a imagem” de Bolsonaro. O ex-presidente reagiu tentando fortalecer uma narrativa de vitimização, defendendo anistia e intensificando ataques contra instituições democráticas.

O estudo destaca que a extrema direita levou algumas horas para definir um eixo narrativo consistente após o anúncio da denúncia. Ao longo desse período, foram publicadas 3.099 postagens relacionadas ao caso, gerando um total de 33,1 milhões de interações. O conteúdo esteve fortemente polarizado, com 42% das publicações originadas da base bolsonarista e 34% de perfis alinhados à esquerda. A imprensa respondeu por 20% do total de postagens.

Disputa por influência digital - A pesquisa detalha como a disputa política se deu nas diferentes plataformas. No Facebook, Instagram e TikTok, os perfis progressistas obtiveram vantagem em volume de postagens. No entanto, a base bolsonarista manteve a liderança no YouTube e na plataforma X (antigo Twitter). Mesmo com menor número de publicações, os conservadores tiveram mais engajamento no Instagram, acumulando 8 milhões de interações.

A maior audiência do período ficou com o canal de direita “Te Atualizei” no YouTube, cuja publicação mais popular atingiu 616,9 mil interações. Já a postagem mais relevante da esquerda foi um vídeo do deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) no Instagram, que somou 58,2 mil interações.

Narrativas em conflito - A denúncia da PGR acusa Bolsonaro de crimes como organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. A repercussão seguiu dois caminhos distintos entre os grupos políticos.

Lideranças progressistas, como os deputados Guilherme Boulos (Psol-SP) e Sâmia Bomfim (Psol-SP), celebraram a acusação. Boulos chegou a afirmar que há provas suficientes de que Bolsonaro teria tramado um plano para assassinar o presidente Lula (PT).

Por outro lado, aliados de Bolsonaro classificaram a denúncia como “perseguição política” e “injustiça”. Parlamentares bolsonaristas alegam que o caso faz parte de uma estratégia para impedir sua eventual candidatura em 2026 e desviar o foco da queda de popularidade do atual governo.

Nos primeiros momentos após o anúncio da denúncia, congressistas publicaram 594 postagens sobre o tema, gerando 1,9 milhão de interações. O campo da direita dominou o engajamento, concentrando 58,9% das interações, enquanto a esquerda obteve 35,9%, e o centro, 5,1%.

Entre os bolsonaristas, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) liderou o engajamento, com 11,8% do total de interações. Na esquerda, Lindbergh Farias obteve 6,1%, enquanto André Janones (Avante-MG), um dos poucos nomes de centro a se destacar, somou 3,3%.

Impacto e desdobramentos - Embora os números mostrem a força digital da base bolsonarista, o estudo sugere que a denúncia representa um ponto crítico para a imagem do ex-presidente. A ampliação do debate nas redes sociais pode dificultar sua defesa, especialmente à medida que novas evidências forem apresentadas pela PGR.

Com a crescente judicialização do caso e sua ampla repercussão na imprensa e no Congresso, a reação de Bolsonaro e de seus aliados nos próximos dias será decisiva para a manutenção de sua base política e eleitoral.