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    'Campanha de fome de Israel matou crianças na Faixa de Gaza', dizem analistas da ONU

    Dez especialistas independentes da Organização das Nações Unidas condenaram a "violência genocida" cometida pelas forças israelenses contra palestinos

    Crianças palestinas deslocadas esperam para receber comida em um acampamento, em meio à escassez de alimentos na Faixa de Gaza (Foto: Reuters/Ibraheem Abu Mustafa)

    Por Brasil de Fato | São Paulo (SP) - Crianças vêm morrendo de fome na Faixa de Gaza, disseram nesta terça-feira (9) especialistas da ONU por meio de comunicado. O grupo acusa Israel de conduzir uma "campanha de fome intencional e seletiva" no território palestino.

    "Declaramos que a campanha de fome intencional e seletiva de Israel contra o povo palestino é uma forma de violência genocida e provocou fome em toda Gaza", disseram os 10 especialistas independentes da ONU.

    "Trinta e quatro palestinos morreram de desnutrição desde 7 de outubro, a maioria crianças", disseram os especialistas, nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas que não falam em nome das Nações Unidas.

    Israel rebateu a acusação afirmando que o relator especial da ONU sobre o direito à alimentação, Michael Fakhri, e muitos dos especialistas "estão tão acostumados a divulgar informação errada como a apoiar a propaganda do Hamas e a proteger a organização terrorista de ser investigada". Mas Israel - que controla tudo o que entra ou sai do território - não disse se permite a entrada de comida suficiente para os palestinos de Gaza.

    'Onde é isto?'

    Enquanto isso, militares israelenses atacam a Cidade de Gaza, no norte do território, fazendo com que milhares de palestinos fujam em busca de refúgio. A Agência de Direitos Humanos da ONU declarou estar "consternada" com as ordens de evacuação, que obrigaram os deslocados a fugir para áreas no oeste e no sul da cidade, também alvos de ataques e onde "civis estão sendo mortos".

    Durante a noite, Israel anunciou que bombardeou "terroristas" que "utilizavam a estrutura de uma escola na área de Nuseirat", no centro. Imagens da AFP mostraram crianças e socorristas buscando sobreviventes entre os destroços da escola, que pertence à Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA).

    A repórter da Al Jazeera em Gaza Hind Khoudary afirmou nesta terça que "as ruas e edifícios de Gaza estão irreconhecíveis". "É completamente inabitável, inabitável. Os palestinos que ainda vivem aqui não só testemunham intermináveis ​​ataques aéreos ou bombardeamentos de artilharia e uma invasão terrestre, como também enfrentam doenças graves e subnutrição."

    "O esgoto está em toda parte. As clínicas médicas estão todas destruídas. A infraestrutura foi completamente destruída pelo bombardeio israelense, incluindo universidades, escolas e instalações médicas. Quando surgem fotos da Cidade de Gaza, as pessoas perguntam: 'Onde é isto?' Eles não reconhecem as ruas devido à enorme destruição causada pelas forças israelenses", disse ela.

    Negociações

    Ambos os lados vão retomar as negociações indiretas no Catar na quarta-feira (10), em busca de um cessar-fogo e da libertação de reféns. Fontes próximas às conversas indicaram que os chefes da CIA, William Burns, e dos serviços de inteligência israelenses, David Barnea, se encontrarão em Doha com o primeiro-ministro do Catar, um mediador crucial.

    Burns já se reuniu na terça-feira no Cairo com o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, outro mediador do conflito junto com o Catar e os Estados Unidos. O Hamas, que governa Gaza desde 2007 e lançou o ataque contra Israel em 7 de outubro que desencadeou a guerra, acusou na segunda-feira o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de bloquear as negociações.

    "Os massacres, assassinatos e deslocamentos" na Cidade de Gaza e as "consequências catastróficas" dos eventos atuais podem "devolver as negociações ao ponto de partida", advertiu o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh.

    O exército israelense lançou uma operação terrestre no bairro de Shujaiya, no leste da Cidade de Gaza, em 27 de junho, expandindo depois sua ofensiva para as áreas do centro, onde "dezenas de milhares de pessoas" receberam ordens de evacuação, segundo a ONU.

    Um alto funcionário do Hamas indicou no domingo que o movimento não exigia mais um cessar-fogo permanente antes de iniciar negociações para a libertação de reféns. Mas o gabinete do primeiro-ministro israelense afirmou que "qualquer acordo permitiria a Israel lutar até que todos os objetivos da guerra sejam alcançados", ou seja, a destruição do Hamas e a libertação de todos os reféns.

    *Com AFP e Al Jazeera

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