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      China reafirma que negociação com os EUA se dará entre iguais

      Em editorial do Global Times, Pequim critica postura hegemônica de Washington e diz que apenas o diálogo com respeito mútuo pode evitar piora da crise

      (Foto: Pixabay | Reuters/Jason Lee)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Em um contundente editorial publicado pelo Global Times, jornal vinculado ao Partido Comunista da China, o governo chinês deixou clara sua posição nas relações com os Estados Unidos: não haverá negociações a partir de uma postura subalterna. A China, segundo o texto, defende um diálogo entre iguais, com base no respeito mútuo, e rechaça qualquer tentativa norte-americana de impor sua vontade com base na força.

      O jornal afirma que “certos políticos dos EUA ainda vivem em um mundo de fantasia de dominação hegemônica”. Eles insistem em usar o discurso do poder como critério para as relações internacionais, ignorando as mudanças concretas no equilíbrio global. “A China real não é misteriosa nem ameaçadora, e certamente não está seguindo um roteiro escrito por terceiros”, diz o editorial. Para os chineses, o obstáculo central nas relações sino-americanas é a resistência de Washington em abandonar os filtros ideológicos e reconhecer a nova realidade internacional.

      Hegemonia em crise e ansiedade de declínio

      O editorial aponta que os Estados Unidos continuam analisando o mundo a partir de um referencial obsoleto, herdado do século XIX, baseado em rivalidades imperiais. Essa visão distorcida, segundo o texto, “é como tentar mover um trem-bala com o motor de uma charrete — está fadado a sair dos trilhos”.

      Nesse cenário, o Global Times identifica uma contradição profunda na política norte-americana: de um lado, insiste-se na força; de outro, reconhece-se o declínio do poder americano e o desejo de "tornar-se grande novamente". Isso geraria um estado de ansiedade hegemônica. “É como um jogador de basquete que insiste em ser ao mesmo tempo o árbitro e o competidor. Mas, quando o jogo começa a pender para o adversário, ele abandona as regras e tenta tomar a bola à força.”

      Yang Jiechi e a recusa da submissão

      A publicação resgata uma célebre frase de Yang Jiechi, então principal diplomata da China, durante uma reunião no Alasca com autoridades norte-americanas em 2021: “Os Estados Unidos não têm qualificação para falar com a China a partir de uma posição de força”. Segundo o editorial, a declaração não foi um desabafo emocional, mas uma constatação objetiva sobre o novo equilíbrio das relações internacionais.

      Ao reafirmar essa ideia, o texto reforça que Pequim não aceitará uma posição inferior nas negociações bilaterais. Trata-se, segundo o jornal, de um princípio inegociável: “A atitude da China em relação aos EUA é agora muito clara — traçar linhas vermelhas e estabelecer regras. É assim que os adultos interagem.”

      Interdependência e o fracasso da lógica de confronto

      O Global Times também rejeita a ideia de “desacoplamento” entre as duas maiores economias do mundo. Para o jornal, os Estados Unidos e a China estão profundamente entrelaçados e qualquer tentativa de romper essas conexões trará prejuízos para ambos os lados. “O único caminho possível é o diálogo entre iguais. ‘Respeito mútuo’ não é um slogan diplomático, mas uma regra fundamental de sobrevivência que os dois países devem reconhecer.”

      Pequim defende que a chave para superar o impasse nas relações está na própria globalização. A busca por uma postura de superioridade, segundo o editorial, apenas agravará as tensões e comprometerá a estabilidade internacional.

      Relações internacionais exigem maturidade

      Por fim, o texto compara as relações entre nações às relações humanas: “Não se pode sempre confiar em uma força ilusória para resolver problemas; é preciso compreensão genuína e diálogo igualitário para encontrar um terreno comum.” A mensagem central do editorial é clara: os Estados Unidos precisam ajustar sua mentalidade se quiserem construir uma relação estável e produtiva com a China.

      Em um mundo que caminha para a multipolaridade, a China reafirma seu compromisso com uma ordem baseada na igualdade soberana e no respeito mútuo — valores que, segundo o Global Times, devem prevalecer sobre as ambições de hegemonia.

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