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      Austrália rejeita apelo da China para enfrentar tarifas de Trump: “Falamos por nós mesmos”

      Governo australiano recusa proposta de aliança contra tarifas dos EUA e prioriza "diversificação de parcerias comerciais"

      Anthony Albanese (Foto: Lukas Coch/Pool via Reuters)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - A Austrália recusou o apelo da China para formar uma frente comum contra o tarifaço global imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump. A informação foi publicada originalmente pelo BBC News.

      A proposta chinesa foi feita pelo embaixador em Canberra, Xiao Qian, por meio de um artigo de opinião publicado na quinta-feira (10). Ele afirmou que a resistência conjunta seria “a única forma” de conter o que classificou como o “comportamento hegemônico e intimidador dos Estados Unidos”. Apesar da pressão, o primeiro-ministro Anthony Albanese rechaçou a ideia, dizendo que “os australianos falarão por si mesmos”, enquanto o ministro da Defesa, Richard Marles, foi ainda mais enfático: “Não estaremos de mãos dadas com a China”.

      A tensão comercial foi agravada com a decisão recente de Washington de aplicar uma tarifa de 10% sobre bens australianos. No caso da China — o maior parceiro comercial da Austrália — as taxas subiram para 125%. Em resposta à medida norte-americana, Pequim anunciou uma tarifa retaliatória de 84% sobre produtos dos EUA. O governo Trump então aumentou ainda mais os impostos de importação contra a China, mantendo uma trégua de 90 dias apenas para os demais países afetados pelas tarifas elevadas, inclusive a Austrália.

      Apesar da insatisfação, o governo australiano optou por não retaliar e afirmou que buscará uma solução por meio do diálogo com a Casa Branca. “Trata-se de buscar os interesses nacionais da Austrália, não de fazer declarações conjuntas com a China”, reforçou Marles em entrevista à Australian Broadcasting Corporation (ABC).

      Em seu artigo publicado pelo Nine Newspapers, Xiao acusou os EUA de “armar” questões comerciais e alertou que qualquer “compromisso fraco” poderia permitir que Trump “sabotasse a ordem internacional” e levasse a economia global a um “atoleiro” e a um “abismo”. Segundo ele, a Austrália e a China mantêm uma “cooperação mutuamente benéfica e de longa data” e devem trabalhar juntas para “proteger um ambiente comercial livre e justo”. Concluiu dizendo que “a comunidade internacional... deve dizer não com firmeza ao unilateralismo e ao protecionismo”.

      Embora reconheça a importância da relação com Pequim, Albanese afirmou que seu país está empenhado em explorar novas oportunidades comerciais fora dos EUA. “Oitenta por cento do nosso comércio não envolve os Estados Unidos. Há oportunidades para a Austrália, e pretendemos aproveitá-las”, disse o primeiro-ministro a jornalistas.

      Nesse contexto, Marles também indicou que a Austrália deseja reduzir sua dependência econômica da China para aumentar a “resiliência econômica”. Ele citou como prioridade a diversificação de mercados, com foco em nações como Indonésia, Índia, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos. Paralelamente, o ministro do Comércio, Don Farrell, intensificou contatos com Japão, Cingapura, Coreia do Sul e Índia nos últimos dias.

      A busca australiana por novos parceiros comerciais ocorre em um momento em que a China também se mobiliza para minimizar os impactos do tarifaço norte-americano. O governo chinês tem redobrado esforços para ampliar sua presença em mercados do Sul Global, Ásia Central e África, tentando reduzir sua vulnerabilidade diante das medidas protecionistas adotadas por Washington sob a liderança de Trump, que tomou posse para seu segundo mandato em janeiro de 2025.

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