Conservadores austríacos escolhem novo líder após renúncia do chanceler
Karl Nehammer anunciou sua renúncia no sábado, após o colapso das tentativas de formar um governo de coalizão sem a extrema direita
Reuters - A liderança do partido conservador governante da Áustria realizou uma reunião de crise neste domingo para escolher um sucessor para o chanceler Karl Nehammer, que anunciou sua renúncia no sábado, após o colapso das tentativas de formar um governo de coalizão sem a extrema direita.
Mais de duas horas após o início da reunião, vários meios de comunicação austríacos informaram que o secretário-geral do Partido Popular (ÖVP), Christian Stocker, de 64 anos, assumiria a liderança do partido de forma interina. Não houve comentários imediatos por parte do partido.
O colapso surpreendente das negociações de coalizão entre três e, posteriormente, dois partidos, que buscavam formar uma aliança centrista como barreira contra o Partido da Liberdade (FPÖ), de extrema direita, que venceu as eleições parlamentares de setembro, deixou o presidente Alexander Van der Bellen com poucas opções.
Agora, as opções mais prováveis são: eleições antecipadas, com o apoio ao FPÖ — eurocético e amigável à Rússia — em contínuo crescimento, ou uma mudança de direção em que Van der Bellen encarregue o líder do FPÖ, Herbert Kickl, de formar um governo. As possibilidades de alternativas ou de adiamento são limitadas.
"Não é uma situação fácil", disse Markus Wallner, governador de Vorarlberg, a província mais ocidental da Áustria, aos jornalistas antes da reunião da liderança do ÖVP, realizada no gabinete do chanceler na manhã de domingo.
"Acredito que devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance agora para evitar um deslizamento em direção a uma crise nacional", acrescentou Wallner, que se opõe a eleições antecipadas, já que isso adiaria a formação de um novo governo por meses. Governadores do ÖVP fazem parte da liderança do partido.
Van der Bellen deve fazer um pronunciamento à nação ainda neste domingo.
Nehammer insistiu, durante e após a campanha eleitoral, que seu partido não governaria com Kickl, considerando-o um teórico da conspiração e um risco à segurança, embora tenha declarado que boa parte do partido de Kickl era confiável. O sucessor de Nehammer provavelmente será mais receptivo à ideia de uma coalizão com o FPÖ, que é formalmente aliado ao partido Fidesz, do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán.
Crescente apoio ao FPÖ - O FPÖ venceu as eleições de setembro com cerca de 29% dos votos, e as pesquisas de opinião indicam que seu apoio só aumentou desde então, ampliando sua liderança sobre o ÖVP e os Social-Democratas (SPÖ) para mais de 10 pontos percentuais, enquanto o apoio a esses partidos diminuiu.
O ÖVP e o FPÖ compartilham posições em vários temas, especialmente no endurecimento da política de imigração, ao ponto de o FPÖ acusar o ÖVP de "roubar" suas ideias. Ambos governaram juntos de 2017 a 2019, até que um escândalo envolvendo o então líder do FPÖ levou ao colapso da coalizão. Nos estados, eles governam juntos em cinco das nove regiões, incluindo Vorarlberg, liderada pelo moderado Wallner do ÖVP.
No entanto, a dinâmica nacional agora é diferente, pois, se formarem uma aliança, o ÖVP seria, pela primeira vez, o parceiro menor na coalizão, tornando a liderança do partido menos atraente para muitos.
Após relatos iniciais de que figuras de destaque, como o ex-líder do partido Sebastian Kurz — que liderou a última coalizão com o FPÖ e foi posteriormente condenado por perjúrio — poderiam assumir a liderança, os meios de comunicação austríacos relataram que essas opções já não estavam sendo consideradas.
Isso deixou figuras menos conhecidas, como Wolfgang Hattmannsdorfer, de 45 anos, novo secretário-geral da Câmara de Comércio, como possíveis sucessores.
Enquanto isso, o FPÖ reforçou sua mensagem. "A Áustria precisa de um chanceler Kickl agora", publicou o partido na rede social X (antigo Twitter).
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