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"Escolhi a liberdade em vez da justiça irrealizável", diz Assange

Fundador do WikiLeaks destacou que não está livre "porque o sistema funcionou", e sim porque se declarou "culpado de jornalismo"

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, sai de um tribunal distrital dos Estados Unidos após uma audiência, em Saipan, Ilhas Marianas do Norte, EUA, 26 de junho de 2024. (Foto: REUTERS/Kim Hong-Ji)

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247 - O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que passou 14 anos sob severas restrições, incluindo o tempo que passou na embaixada do Equador em Londres e na prisão de segurança máxima de Belmarsh, declarou nesta terça-feira (1) que só conseguiu sua liberdade após se declarar culpado de "fazer jornalismo". Em um pronunciamento na sede do Conselho da Europa, em Estrasburgo, Assange enfatizou que sua libertação não foi fruto do funcionamento regular da justiça, mas sim de sua admissão de culpa. As informações foram obtidas por meio de uma coletiva de imprensa realizada durante uma sessão da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE), relata o jornal O Globo.

"Não estou livre hoje porque o sistema funcionou. Estou livre hoje depois de anos de prisão porque me declarei culpado de jornalismo", afirmou Assange em sua primeira declaração pública desde sua libertação. O jornalista retornou à Austrália em junho deste ano após anos de batalhas judiciais relacionadas à publicação de documentos confidenciais dos Estados Unidos. Ele destacou que o "efeito assustador" de seu caso sobre os direitos humanos foi amplamente reconhecido pela PACE, que expressou grande preocupação em um relatório recente.

Assange, conhecido mundialmente por expor segredos de Estado, declarou que sua luta pela liberdade não foi apenas pessoal, mas também uma questão fundamental sobre o papel do jornalismo em uma sociedade democrática. "Jornalismo não é um crime, é um pilar de uma sociedade livre e informada", disse ele, enfatizando que jornalistas não deveriam ser perseguidos por fazerem seu trabalho.

O fundador do WikiLeaks, que enfrentava a possibilidade de uma sentença de 175 anos de prisão caso fosse condenado nos Estados Unidos, fez um desabafo sobre o preço pessoal de sua decisão de se declarar culpado. Assange lamentou que, enquanto lutava para proteger seu direito à justiça, perdeu anos preciosos de sua vida. "Eu finalmente escolhi a liberdade em vez da justiça irrealizável... a justiça para mim agora está impedida", confessou, sugerindo que a busca por um julgamento justo poderia ter prolongado ainda mais seu encarceramento.

Ao lado de sua esposa, Stella, que liderou incansavelmente campanhas pela sua libertação, Assange refletiu sobre o impacto de seu caso na liberdade de expressão global. Ele destacou que, apesar de sua libertação, a luta por transparência e liberdade de imprensa está longe de ser vencida. "Mais impunidade, mais segredo e mais retaliação por dizer a verdade" foram alguns dos problemas que ele acredita terem se intensificado durante os anos em que esteve detido.

Assange encerrou sua fala com um apelo à comunidade internacional para que se mantenha vigilante em defesa da liberdade de expressão, afirmando que o mundo se encontra "em uma encruzilhada sombria". O ativista reforçou a necessidade de manter viva a busca pela verdade e assegurar que "as vozes de muitos não sejam silenciadas pelos interesses de poucos".

A trajetória de Julian Assange segue sendo um dos casos mais emblemáticos sobre os desafios enfrentados por jornalistas e denunciantes no cenário global. Seu legado e as implicações de seu caso continuam a provocar debates intensos sobre os limites da liberdade de imprensa e o papel das instituições democráticas na proteção dos direitos fundamentais.

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