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    Lula diz que mundo tem arquitetura financeira disfuncional que fomenta desigualdades

    "Recuperar o papel do Estado como planejador do desenvolvimento é uma tarefa urgente. A mão invisível do mercado só agrava desigualdades", disse o presidente

    Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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    Reuters - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que o planeta possui uma arquitetura financeira que fomenta desigualdades, acrescentando que os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza afastam a humanidade de objetivos de justiça social.

    "Temos uma arquitetura financeira disfuncional, que alimenta desigualdades. Os bancos de desenvolvimento investem muito pouco", disse o presidente ao encerrar o Fórum Inaugural da Coalizão para Justiça Social.

    Criado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para tentar acelerar o cumprimento do Objetivo do Milênio que trata de trabalho de qualidade para todos, a Coalizão convidou Lula para ser seu copresidente.

    Em sua fala, o presidente ressaltou a necessidade de paz para que se alcance estabilidade e justiça social, criticando as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Também destacou que a desigualdade do mundo vem crescendo, com a diminuição da renda dos trabalhadores, e defendeu a necessidade do Estado planejar o desenvolvimento.

    "Recuperar o papel do Estado como planejador do desenvolvimento é uma tarefa urgente. A mão invisível do mercado só agrava desigualdades. O crescimento da produtividade não tem sido acompanhado pelo aumento dos salários, gerando insatisfação e muita polarização. Não se pode discutir economia e finanças sem discutir emprego e renda. Precisamos de uma nova globalização -- uma globalização de face humana", defendeu.

    Bastante aplaudido, Lula criticou ainda o avanço da extrema-direita no mundo e defendeu a democracia como essencial para manutenção de direitos. Lembrou que o Brasil foi alvo de investigação da OIT durante o governo de Jair Bolsonaro pela perda de direitos trabalhistas.

    "A democracia e a participação social são essenciais para a conquista de direitos trabalhistas", lembrou. "Os ataques à democracia historicamente implicaram na perda de direitos. Não é mera coincidência que meu país foi investigado por violar normas desta Organização durante o governo de meu antecessor. O extremismo político ataca e silencia minorias, negligencia os mais vulneráveis e vende muita ilusão. A negação da política deixa um vácuo a ser preenchido por aventureiros que espalham a mentira e o ódio."

    Lula destacou ainda a proposta de taxação mundial dos super ricos, que o Brasil propôs durante sua presidência do G20, e tem negociado com os países que compõe o bloco. O presidente apontou que 3 mil pessoas hoje no mundo detém 15 trilhões de dólares em riquezas, mais do que os países em desenvolvimento precisam para se adaptar às mudanças climáticas.

    Cobrou, ainda, que os países ricos façam a sua parte no financiamento às adaptações, que já vêm impactando a vida dos trabalhadores. Reiterou que o Brasil vai cumprir sua parte, com desmatamento zero na Amazônia, mas lembrou que "embaixo de cada copa de árvore tem um trabalhador que precisa de salário, saúde, educação".

    "Os ricos precisam pagar a conta para que os pobres possam sobreviver cuidando da Amazônia", defendeu.

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