“Tarifas são uma coisa bonita", diz Trump, em meio ao caos nas bolsas de valores
Presidente dos Estados Unidos promove uma das maiores destruições de riqueza da história com suas tarifas
247 – Em meio a um colapso global dos mercados financeiros, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu veementemente sua política tarifária em uma publicação na plataforma Truth Social. “As tarifas já estão em vigor e são uma coisa linda de se ver”, escreveu Trump neste domingo (6). “Algum dia, as pessoas perceberão que as tarifas, para os Estados Unidos da América, são uma coisa muito bonita!”
A mensagem, replicada no perfil Trump Daily Posts no X (antigo Twitter), foi publicada poucas horas antes da abertura dos mercados asiáticos nesta segunda-feira (7), que registraram quedas históricas. A cobertura da Reuters destaca que o presidente norte-americano não demonstrou qualquer intenção de recuar em sua estratégia econômica agressiva, mesmo diante de perdas trilionárias nas bolsas.
Choque global nos mercados
O impacto das declarações de Trump e da escalada tarifária foi imediato. O índice Nikkei, do Japão, caiu 6%, atingindo níveis não vistos desde o fim de 2023. Na Coreia do Sul, o recuo foi de 5%. O índice MSCI, que mede o desempenho das ações na Ásia-Pacífico (exceto Japão), cedeu 3,6%. As ações chinesas, por sua vez, recuaram 4,4%, enquanto o mercado de Taiwan despencou quase 10%, levando as autoridades locais a restringirem operações de venda a descoberto para conter a sangria.
Na Europa, a pré-abertura dos mercados já indicava um dia difícil: futuros do EUROSTOXX 50 caíram 3,0%, FTSE de Londres recuou 2,7%, e o índice alemão DAX caiu 3,5%. Nos Estados Unidos, os futuros do S&P 500 recuaram 3,1% e os do Nasdaq, 4,0%. A perda acumulada nos mercados globais já soma cerca de US$ 6 trilhões apenas na última semana.
“Tomem seu remédio”
Trump voltou a afirmar que não fechará acordo comercial com a China enquanto o déficit comercial dos EUA não for revertido. “Os investidores terão que tomar seu remédio”, disse o presidente a jornalistas. Pequim respondeu afirmando que os mercados “já se manifestaram” diante da intenção de Washington em manter e ampliar barreiras comerciais.
Segundo Sean Callow, analista sênior da ITC Markets, “o único verdadeiro disjuntor é o iPhone do presidente Trump, e ele mostra poucos sinais de que a queda do mercado o incomoda o suficiente para reconsiderar uma postura política na qual acredita há décadas”.
Bruce Kasman, economista-chefe do JPMorgan, alertou: “O tamanho e o impacto disruptivo das políticas comerciais dos EUA, se mantidos, seriam suficientes para levar uma ainda saudável expansão dos EUA e do mundo à recessão”. O banco estima agora uma chance de 60% de recessão, e espera que o Federal Reserve (Fed) inicie uma série de cortes de juros a partir de junho, podendo reduzir a taxa básica para 3,0% até janeiro de 2026.
Pressão sobre o Federal Reserve
A resposta dos mercados futuros foi rápida: passaram a precificar quase cinco cortes de 0,25 ponto percentual na taxa de juros americana ainda este ano. Os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos caíram para 3,916%, enquanto o dólar perdeu força frente a várias moedas, incluindo o iene japonês e o franco suíço.
Apesar da política monetária ainda cautelosa do presidente do Fed, Jerome Powell — que afirmou na sexta-feira que “não há pressa” para reduzir os juros —, o temor de uma recessão iminente tem pressionado a autoridade monetária a agir com mais rapidez.
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