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    PT se mantém neutro sobre sucessão de Lira para garantir andamento da agenda do Planalto na Câmara

    Entendimento do Planalto é de que a partir do momento em que o partido fechar apoio a um candidato, os preteridos podem tentar travar a agenda do governo

    Arthur Lira e Lula (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

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    247 - O Palácio do Planalto considera que o adiamento da decisão da bancada do PT em relação ao apoio na sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara pode ser um movimento estratégico, conforme reportado pelo O Globo. Fontes próximas ao presidente Lula (PT) acreditam que uma definição antecipada poderia provocar reações dos candidatos preteridos, resultando em possíveis obstruções nas pautas de interesse do governo no Congresso. Essa indefinição seria, portanto, benéfica para a aprovação de projetos essenciais antes do recesso parlamentar, incluindo a regulamentação da reforma tributária, o Orçamento de 2025 e eventuais ajustes fiscais.

    A análise feita dentro do Planalto indica que não há razão para a bancada petista se comprometer agora com uma disputa que ocorrerá apenas na primeira semana de fevereiro. Conforme informações de bastidores, a maioria dos parlamentares do PT inclina-se a apoiar Hugo Motta (Republicanos-PB), interpretando essa escolha como uma estratégia para evitar um confronto direto com Lira. Na última terça-feira (22), Motta declarou confiança no apoio petista, evidenciando que o diálogo está avançado.

    Contudo, nem todos compartilham desse consenso. Parte da bancada da Bahia, com oito representantes, demonstra preferência por Antônio Brito (PSD-BA), enquanto o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), também desponta como possível candidato. A postura cautelosa reflete o desejo do PT em “sentir melhor o terreno e os compromissos”, conforme apontou o deputado Jorge Solla (PT-BA). Uma reunião da bancada petista está prevista para esta terça-feira, mas fontes internas indicam que a decisão final ainda deverá ser postergada.

    Essa hesitação em firmar apoio a um nome definitivo vem sendo observada com ceticismo pelo Centrão, que avalia que a disputa já poderia ter um consenso. A demora, segundo essa ala, beneficia o governo ao diluir o peso político de Lira no processo. Em setembro, uma sinalização de apoio a Motta chegou a ser dada pelo líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG), que publicou e apagou uma foto ao lado do deputado, comemorando o aniversário do colega de forma pública e interpretada como um aceno favorável.

    Além da presidência da Câmara, outro ponto crucial para o PT é a composição da Mesa Diretora. O partido espera assegurar a primeira vice-presidência e rediscutir o modelo de definição das pautas, uma crítica recorrente em relação à postura de Lira, que, segundo petistas, centraliza as decisões e define as pautas de forma intempestiva. Por outro lado, Lira sustenta que todas as decisões são tomadas nas reuniões de líderes.

    Entre as prioridades da bancada petista está o compromisso do futuro presidente da Câmara de não pautar anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. O projeto está previsto para votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta terça-feira (29), e o partido busca garantias de que o próximo líder da Casa não apoiará tal iniciativa.

    Para o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), a prioridade é assegurar uma presidência da Câmara que não traga entraves à governabilidade: “Queremos conversar mais, garantir governabilidade e um presidente da Câmara que não seja problema para o governo.”

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