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    Polícia faz operação que tem como alvo 'rede hoteleira' do PCC na Cracolândia

    Segundo as investigações, ao menos 78 hotéis e hospedarias em funcionamento no centro de São Paulo pertencem à facção criminosa

    Cracolândia (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

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    247 - A facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) comprou ou montou 78 hotéis e hospedarias no centro de São Paulo, com 26 operando clandestinamente, para sustentar o tráfico de drogas na região. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a constatação é resultado de uma investigação da 4.ª Delegacia da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes (DISE) do Denarc, e culminou na deflagração da segunda fase da Operação Downtown nesta quinta-feira (13).

    A operação envolve o cumprimento de 124 mandados de busca e apreensão em endereços do centro da cidade. A Justiça determinou a interdição de 26 hospedarias clandestinas, cada uma avaliada em R$ 200 mil, e o bloqueio de valores em 28 contas bancárias. Segundo o delegado Fernando José Santiago, "o tráfico de drogas no centro histórico da capital só se sustenta em grande escala através do uso de hospedarias. Elas são fundamentais para o esquema". 

    A investigação mostrou que a compra dos imóveis foi estrategicamente realizada antes da migração da Cracolândia, que ocupou nove diferentes endereços na região em 2022. Vários imóveis foram registrados em nome de laranjas, como porteiros e ajudantes gerais, para dissimular a construção da rede hoteleira.

    A importância dos investimentos nas hospedarias está atrelada a de drogas apreendidas na área. De janeiro a junho de 2023, quatro bairros do centro – República, Sé, Santa Cecília e Santa Ifigênia – foram responsáveis por cerca de um terço de toda a apreensão de crack em São Paulo, totalizando 423.712 pedras.

    A operação conta com a participação de 600 policiais civis e guardas civis metropolitanos. A migração do fluxo da Cracolândia, facilitada pela política de emparedamento de hospedarias pela Prefeitura em 2021, permitiu à polícia identificar o controle exercido pelo PCC. De acordo com a reportagem, Marcelo Carames, apontado como gerente do tráfico na região, teria idealizado a migração, adquirindo hospedarias estratégicas para estabelecer o fluxo de usuários.

    Carames e outros envolvidos adquiriram imóveis antes da migração para controlar o tráfico nas novas áreas ocupadas. João Caboclo do Nascimento, Sidney Anderson Ferreira da Silva (Zen), e Adilson Gomes da Silva (Deco) são alguns dos nomes identificados como administradores das hospedarias do PCC, essenciais para a logística do tráfico.

    Além do tráfico de drogas, as hospedarias servem de esconderijo para procurados pela polícia e locais para prostituição. A operação revelou, ainda, um complexo esquema de movimentação financeira, incluindo lavagem de dinheiro por meio de empresas de reciclagem e de ferro-velho. 

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