Butantan solicita à Anvisa registro de 1º vacina de dose única do mundo contra a dengue
Imunizante foi desenvolvido inteiramente pela instituição brasileira
247 - O Instituto Butantan formalizou nesta segunda-feira (16) um pedido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para registrar a primeira vacina de dose única contra a dengue no mundo. Desenvolvido inteiramente pela instituição brasileira, o imunizante representa uma potencial mudança na estratégia de enfrentamento à doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
Se aprovada, a vacina Butantan-DV poderá facilitar a imunização em massa, resolvendo um dos principais desafios das campanhas atuais: o abandono da segunda dose, explica Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. A versão tetravalente oferece proteção contra os quatro sorotipos da dengue, predominantes no Brasil, com eficácia de 79,5% após uma única aplicação, conforme resultados de ensaios clínicos concluídos em junho deste ano.
“A aprovação dessa vacina será um marco histórico para a saúde pública nacional e mundial”, destacou Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan. “Que o Instituto Butantan possa contribuir com a primeira vacina do mundo em dose única contra a dengue mostra que vale a pena investir na pesquisa feita no Brasil e no desenvolvimento interno de imunobiológicos.”
Produção e distribuição planejadas - Caso o registro seja concedido, o Butantan prevê a entrega de 100 milhões de doses ao Ministério da Saúde nos próximos três anos, sendo um milhão já em 2025. A distribuição poderá consolidar o Brasil como referência global na produção de vacinas e no combate à dengue.
A segurança do imunizante também foi amplamente comprovada. Durante dois anos de testes clínicos envolvendo mais de 16 mil brasileiros, nenhum caso grave foi registrado entre os vacinados. Os resultados foram publicados na renomada revista científica New England Journal of Medicine.
Impacto no combate à dengue - O atual esquema vacinal contra a dengue disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) exige duas doses do imunizante Qdenga, fabricado pela empresa Takeda. Na rede privada, as doses custam entre R$ 300 e R$ 800. Com a inclusão da Butantan-DV, o Ministério da Saúde espera ampliar a cobertura vacinal e reduzir significativamente as hospitalizações causadas pela doença.
“Vamos aguardar e respeitar todos os procedimentos da Anvisa, um órgão de altíssima competência. Mas estamos confiantes nos resultados que virão”, afirmou Kallás.
A vacina Butantan-DV é indicada tanto para quem já teve dengue quanto para quem nunca foi infectado. Entretanto, há restrições para gestantes, lactantes, pessoas imunossuprimidas e quem tem alergia a algum dos componentes da fórmula.
Além da vacinação, o controle da dengue no Brasil depende de ações contínuas contra o Aedes aegypti, como o combate a criadouros e campanhas educativas. Combinando essas estratégias à vacinação em larga escala, o país pode estar mais próximo de vencer uma das doenças tropicais mais persistentes e letais do século XXI.
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