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'A Venezuela vive um regime muito desagradável, mas não é uma ditadura', afirma Lula

Presidente voltou a cobrar as atas de votação que provem a reeleição de Maduro ou a vitória da oposição: "ninguém tem prova"

Lula e Nicolás Maduro (Foto: Ricardo Stuckert/PR | REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria)

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247 - O presidente Lula (PT) voltou a falar nesta sexta-feira (16) sobre a situação política na Venezuela, onde a autoridade eleitoral declarou reeleito o presidente Nicolás Maduro, enquanto a oposição alega ter vencido o pleito. Por enquanto, o governo brasileiro não reconheceu o resultado eleitoral e cobra da administração venezuelana as atas de votação.

Quando questionado pela Rádio Gaúcha sobre a nota emitida pelo PT, em que o partido reconhece a reeleição de Maduro, Lula disse não concordar com o conteúdo do comunicado. "Eu não concordo com a nota, não penso igual. Mas eu não sou da direção do PT. O problema da Venezuela será resolvido pela Venezuela". 

"Teve uma eleição, a oposição diz que ganhou, o Maduro diz que ganhou. O que eu estou pedindo para poder reconhecer? Quero saber pelo menos se são de verdade os números. Cadê a ata? Cadê a aferição das urnas? Aqui no Brasil, se o cidadão entrar na internet ele vai saber quantos votos o Lula teve em cada cidade do Rio Grande do Sul. Eu disse para o presidente Maduro: ‘Maduro, para você é essencial o mundo compreender que houve eleição limpa e democrática’. Ele disse que ia fazer. Eu mandei pessoas para lá no dia da eleição. Foi tudo normal. A oposição logo diz ‘eu ganhei’, o Maduro logo diz ‘eu ganhei’, mas ninguém tem prova. A oposição tem que mostrar as atas para mostrar o resultado. Eu só posso reconhecer se foi democrático se eles mostrarem a prova", complementou.

Na sequência, quando questionado se a Venezuela vive sob uma democracia, o presidente classificou o governo de Maduro como "um regime muito desagradável". "A Venezuela vive um regime muito desagradável. Não acho que é ditadura. É diferente. É um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura como a gente conhece tantas ditaduras nesse mundo". Lula, por outro lado, exaltou a importância da Venezuela para o Brasil. "O que eu acho é que a Venezuela é um país interessante para o Brasil, é um país que tem quilômetros de fronteira com o Brasil, um país com quem o Brasil chegou a ter US$ 5 bilhões de superávit comercial, é um país que pode ser um grande parceiro do Brasil na construção de uma força política no mundo".

Sobre o envio do assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, o ex-chanceler Celso Amorim, à Venezuela como observador das eleições, Lula contou que "quando o Celso Amorim ia viajar para a Venezuela, eu fui informado de que eles tinham pedido para o Celso Amorim não ir. Eu mandei comunicar a eles que se o Celso Amorim não pudesse ir, eu ia dizer à imprensa que a Venezuela estava impedindo o Celso Amorim. Aí eles deixaram".

Além de criticar o governo venezuelano, Lula também apontou para a interferência de países estrangeiros no país sul-americano como um problema. "Também é verdade que o mundo chamado ‘democrático’, a União Europeia e os Estados Unidos, não agiram corretamente com a Venezuela. Eles elegeram um tal de Guaidó para ser presidente da Venezuela. Só para você ter ideia do absurdo, a reserva de ouro que a Venezuela tinha na Inglaterra, de 31 toneladas de ouro, foi dada sob a guarda desse Guaidó. Ele não era presidente. Então eu acho que houve uma precipitação na punição e no julgamento das coisas".

Sobre a proposta brasileira de convocar novas eleições na Venezuela, Lula disse que "a oposição não gostou da ideia" e "o Maduro também não gostou". 

Por fim, o presidente registrou que 'torce' "para que a Venezuela tenha um processo de reconhecimento internacional que depende única e exclusivamente do comportamento da Venezuela. A oposição sabe disso e o Maduro sabe disso".

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