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      Milei reforça submissão e diz que se adequará às tarifas dos EUA; Trump pressiona por rompimento com a China

      País sul-americano depende fortemente do crédito chinês para manter a estabilidade cambial e evitar uma nova explosão inflacionária

      Javier Milei e Donald Trump (Foto: Redes sociais / Milei)
      Guilherme Paladino avatar
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      247 - Em mais um gesto de alinhamento com os Estados Unidos, o presidente argentino de extrema direita Javier Milei - um dos únicos a não criticar as recentes barreiras protecionistas da administração Trump - anunciou que está disposto a “harmonizar tarifas” para facilitar a entrada de cerca de 50 produtos norte-americanos na Argentina. A medida, apresentada como uma etapa inicial rumo a um acordo de livre comércio, foi revelada por Milei durante o American Patriots Gala, evento ultraconservador promovido em Mar-a-Lago, na Flórida, onde o mandatário recebeu o prêmio “Leão da Liberdade”, de acordo com reportagem de Jamil Chade no portal UOL.

      Mas o gesto de aproximação não se dá sem custos. Nos bastidores, cresce a pressão para que Milei rompa os laços com a China — especialmente no que diz respeito à linha de swap cambial firmada entre os dois países, que representa hoje mais de 70% das reservas brutas do Banco Central argentino. O presidente Donald Trump, que vê a presença chinesa na América Latina com desconfiança, já deixou claro: o apoio dos EUA em fóruns internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) dependerá do afastamento de Buenos Aires de Pequim.

      A exigência foi verbalizada de forma direta por Maurice Claver-Carone, funcionário do governo Trump e figura influente entre conservadores norte-americanos. Segundo ele, a renovação do swap com a China — que terá vencimentos relevantes a partir do segundo semestre de 2025 — é inaceitável para Washington, que teme que novos aportes do FMI sejam usados para honrar compromissos com o governo chinês. "É um mecanismo extorsivo", disse Claver-Carone, ao defender que a Casa Branca condicione seu voto no FMI ao fim dessa dependência.

      O dilema é central para a política externa de Milei. De um lado, a aliança ideológica com os EUA e a promessa de transformar a Argentina em um “bastião do Ocidente contra o socialismo”. De outro, a realidade econômica de um país mergulhado em crise, que depende fortemente do crédito chinês para manter a estabilidade cambial e evitar uma nova explosão inflacionária.

      Trump, por sua vez, já começou a redesenhar as regras do jogo global. Na semana passada, o republicano lançou um pacote tarifário contra mais de 60 países — incluindo aliados históricos como Japão e União Europeia, além de Brasil e Argentina. Para Buenos Aires, a tarifa imposta foi de 10%. Assessores de Milei celebraram o percentual mais baixo como prova do “bom relacionamento” com Trump, embora o mesmo tenha sido aplicado a outros países sem o mesmo alinhamento ideológico, como Brasil e Chile.

      Enquanto isso, a proposta de livre comércio esbarra nas regras do Mercosul. O bloco proíbe acordos bilaterais independentes com terceiros países, e a Argentina já sinalizou que pode deixar o grupo caso se sinta limitada. É mais um movimento em direção ao isolamento regional em nome de uma aposta ideológica.

      Milei afirmou que seu governo já cumpriu nove das 16 exigências feitas pelos EUA para viabilizar um acordo comercial. A promessa de "harmonização tarifária", anunciada nos salões de Mar-a-Lago, é só a mais recente delas. "A Argentina vai avançar no reajuste dos regulamentos para que eles cumpram com os requisitos das propostas tarifárias recíprocas elaboradas pelo presidente Donald Trump", prometeu o presidente argentino.

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