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    "Bolsonaro não tem saída": pegará até 35 anos de cadeia, dizem advogados de acusados de tentativa de golpe

    Na avaliação de advogados de outros acusados, Jair Bolsonaro receberá pena consideravelmente maior por seu papel de líder da intentona golpista

    Jair Bolsonaro (Foto: Gustavo Moreno/STF)
    Guilherme Levorato avatar
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    247 - A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (26) acolher a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas acusadas de compor o núcleo central da tentativa de golpe de Estado observada após as eleições presidenciais de 2022. Advogados de investigados, segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo, já fazem cálculos sobre o tamanho da pena que poderá ser imposta a Bolsonaro.

    Quatro advogados de réus com menor participação nos eventos de 8 de janeiro avaliam, sob reserva, que Bolsonaro pode ser condenado a uma pena que varia entre 25 e 35 anos de prisão. O motivo principal seria a sua posição de comando em uma suposta organização criminosa que teria articulado uma ofensiva contra a democracia para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice Geraldo Alckmin (PSB).

    A avaliação tem como base comparativa o julgamento do primeiro condenado pelo STF pelos ataques às sedes dos Três Poderes, em setembro de 2023. Na ocasião, Aécio Lúcio Costa Pereira, ex-funcionário da Sabesp, recebeu uma sentença de 17 anos de prisão. Ele foi flagrado dentro do Congresso com uma camiseta pedindo "intervenção militar já" e gravou vídeos exaltando a invasão. Sua condenação incluiu crimes como golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

    “Se o povo que estava lá invadindo os prédios públicos no 8 de Janeiro pegou pena elevada, imagina quem teve protagonismo na trama golpista. É provável que quem for condenado agora pegue uma pena ainda mais elevada”, disse um dos advogados. Outro defensor destacou que “o papel de liderança em uma organização sempre agrava a pena”, apontando que “Bolsonaro não tem saída”.

    A denúncia da PGR, assinada pelo procurador-geral Paulo Gonet, inclui acusações de golpe de Estado, organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Somadas, essas infrações podem resultar em até 43 anos de reclusão.

    De acordo com Gonet, Bolsonaro e figuras de seu núcleo próximo — como os ex-ministros Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, além do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e do ex-comandante da Marinha Almir Garnier — compunham o “núcleo crucial da organização criminosa”. A denúncia afirma que “deles partiram as principais decisões e ações de impacto social” relacionadas à intentona golpista.

    Chama atenção o fato de que a denúncia da PGR foi mais dura que o relatório final da Polícia Federal apresentado em novembro de 2024. A PF não imputou diretamente a Bolsonaro os crimes ligados à depredação das sedes dos Três Poderes. Já Gonet sustenta que a destruição de patrimônio público, além de outras ações violentas contra a ordem democrática, foram fruto direto da atuação da organização supostamente liderada pelo ex-presidente.

    “A responsabilidade pelos atos lesivos à ordem democrática recai sobre organização criminosa liderada por Jair Messias Bolsonaro, baseada em projeto autoritário de poder”, escreveu o chefe do Ministério Público Federal. Gonet também destacou que a organização era “enraizada na própria estrutura do Estado e com forte influência de setores militares”, operando em estrutura hierarquizada e com divisão clara de tarefas entre os integrantes.

    O julgamento do mérito das acusações pela Primeira Turma do STF deverá ocorrer apenas no segundo semestre de 2025.

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