Presença de Bolsonaro no julgamento do STF incomoda advogados de outros réus: "péssima ideia"
“Se a ideia era fazer pressão, não deu certo”, reconhece o advogado de um dos aliados de Jair Bolsonaro
247 - A decisão de Jair Bolsonaro (PL) de comparecer pessoalmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante o julgamento que analisa o recebimento da denúncia por sua participação em uma trama golpista causou desconforto entre advogados de outros investigados.
Segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo, a presença de Bolsonaro não estava prevista no protocolo do STF e surpreendeu tanto a equipe de segurança quanto o cerimonial da Corte. Apesar disso, a ideia já vinha sendo discutida nos bastidores com seus advogados Celso Vilardi e Paulo Amador Cunha Bueno, tendo sido confirmada de última hora.
Durante a sessão, Bolsonaro permaneceu sentado entre seus dois advogados, trocando cochichos e acompanhando de perto a repercussão do julgamento nas redes sociais e na imprensa. Para três advogados de acusados ouvidos reservadamente pela jornalista, o gesto foi interpretado como uma tentativa de intimidação política — e não como uma estratégia jurídica eficaz.
“É legítimo ele querer ver o julgamento, mas foi uma ideia ruim”, avaliou o defensor de um dos demais denunciados. Outro advogado foi mais direto: “Se a ideia era fazer pressão, não deu certo. Foi uma péssima ideia. O Moraes endureceu ainda mais o seu voto, lendo com muito entusiasmo suas teses”.
De fato, em um dos trechos mais contundentes de sua manifestação, o relator Alexandre de Moraes afirmou que “milícias digitais continuam atuando”, inclusive durante a sessão, ao produzir e disseminar fake news com o objetivo de intimidar o Judiciário. Ele ainda ressaltou, olhando diretamente na direção onde estava Bolsonaro: “não perceberam que se, até agora, não intimidaram o Poder Judiciário, não vão intimidar o Poder Judiciário”.
Para outro defensor ouvido pela coluna, a ida ao plenário por parte do ex-presidente pode até ser lida como um gesto de que ele não pretende fugir do país nem se esconder diante de uma eventual condenação. No entanto, o movimento foi visto como uma tentativa evidente de criar um fato político, ainda que às custas do bom senso jurídico.
Apesar de tentar emplacar o discurso de que estaria apenas exercendo o direito de demonstrar indignação com as acusações, o gesto de Bolsonaro foi percebido por muitos como uma forma de pressionar — sem sucesso — os ministros da Primeira Turma, que analisam seu envolvimento direto na tentativa de ruptura democrática investigada pela Polícia Federal.
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