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      Após ameaças de Trump para retomar controle de canal, Panamá compra aviões de combate da Embraer

      Anúncio da venda de quatro aviões de combate A-29 Super Tucano da Embraer foi realizado nesta quarta-feira, durante a feira militar LAAD, no Rio de Janeiro

      (Foto: Divulgação)
      Paulo Emilio avatar
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      247 - Após as ameaças do presidente dos Estados Unidos de retomar o canal do Panamá, o país da América Central decidiu adquirir quatro aviões de combate A-29 Super Tucano da Embraer, fabricante brasileira com sede em São Paulo. O anúncio da venda foi realizado nesta quarta-feira (2), durante a feira militar LAAD, no Rio de Janeiro. “É uma plataforma comprovada, com muitas horas de combate em diversos países”, afirmou Márcio Monteiro, representante da Embraer Defesa, de acordo com a Folha de S. Paulo

      A decisão panamenha ocorre em um contexto de crescente pressão por parte do governo dos EUA, liderado pelo presidente Donald Trump, para retomar o controle total do canal que conecta os oceanos Atlântico e Pacífico. O canal, por onde transitam cerca de 40% dos contêineres com destino aos Estados Unidos, é considerado estratégico pelo governo Trump para a segurança e a economia do país. 

      Apesar de não possuir Forças Armadas desde 1990, o Panamá opera, por meio de forças policiais, uma frota limitada de 17 aeronaves de transporte e vigilância, segundo dados do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, sediado em Londres. A aquisição dos Super Tucano será responsabilidade do Serviço Aeronaval do Panamá, conforme informado pela Embraer, que evitou comentar se a operação está diretamente ligada à pressão exercida por Washington.

      Ainda que os EUA não tenham se pronunciado oficialmente sobre a negociação, especialistas apontam que uma venda como essa, especialmente envolvendo aeronaves com diversas peças de origem norte-americana, dificilmente ocorreria sem anuência de Washington. Nos anos 2000, por exemplo, os EUA vetaram a venda dos mesmos modelos à Venezuela.

      Historicamente, os EUA já adquiriram os Super Tucano para abastecer forças aliadas. Um exemplo notável foi o uso das aeronaves pela então Força Aérea do Afeganistão após a invasão de 2001. Com a retomada do poder pelo Talibã em 2021, parte da frota foi levada por pilotos para países vizinhos, enquanto as demais aeronaves ficaram inoperantes.

      A pressão norte-americana sobre o Panamá aumentou nos últimos meses. Trump chegou a sugerir uma possível retomada militar do canal, sob o argumento de que o controle portuário da região por empresas chinesas representava um risco à soberania dos Estados Unidos. Como resultado direto desse cenário, o Panamá rompeu com o programa de infraestrutura global liderado por Pequim. Pouco tempo depois, uma empresa norte-americana assumiu a concessão das operações chinesas por US$ 22,8 bilhões — embora os termos do acordo ainda estejam sendo debatidos.

      O Super Tucano vem expandindo sua presença internacional. Em 2024, duas décadas após sua estreia, o modelo alcançou um marco ao ser adotado por Portugal, o primeiro país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) a operar a aeronave. Lisboa encomendou 12 das 34 unidades vendidas pela Embraer no ano passado.

      Atualmente, segundo a reportagem, o Super Tucano está presente em 21 países, com 290 aeronaves vendidas ou encomendadas. A Embraer estima que o mercado potencial ainda comporte a venda de até 540 unidades. A frota já acumula 600 mil horas de voo, sendo 10% em missões de combate. O modelo teve papel fundamental no combate da Colômbia às narcoguerrilhas e hoje responde por 61% do nicho de mercado global de aviões turboélice de treinamento e de ataque leve.

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