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    BYD assume liderança no mercado automotivo chinês desbancando estrangeiros e estatais

    A empresa registrou um crescimento de 46% nas vendas, alcançando cerca de 3,65 milhões de veículos comercializados no ano

    Veículo da BYD sendo exibido em evento no Reino Unido 28/04/2023 (Foto: REUTERS/Nick Carey)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 – A BYD liderou o mercado de veículos de passeio da China em vendas pela primeira vez em 2024, marcando um avanço significativo das montadoras privadas em um setor historicamente dominado por parcerias entre empresas estatais chinesas e fabricantes estrangeiras. Segundo dados da MarkLines, reportados pelo Valor, a empresa registrou um crescimento de 46% nas vendas, alcançando cerca de 3,65 milhões de veículos comercializados no ano. A Zhejiang Geely Holding Group, outra montadora privada chinesa, também avançou, registrando um aumento de 30% e ocupando o terceiro lugar no ranking, com 2,01 milhões de unidades vendidas.

    A mudança reflete a perda de terreno das montadoras estrangeiras. A Volkswagen, que por décadas dominou o mercado chinês e chegou a vender mais de 4 milhões de veículos anualmente no país, caiu para a segunda posição após uma retração de 6% nas vendas, totalizando 2,98 milhões de unidades. A General Motors, por sua vez, sofreu uma queda de 10%, enquanto Toyota e Honda também apresentaram declínios significativos.

    Desde o final da década de 1980, o governo chinês fomentou sua indústria automobilística por meio de joint ventures entre montadoras estatais e empresas estrangeiras, visando a transferência de tecnologia. Volkswagen, GM e Toyota consolidaram sua presença no mercado chinês por meio de parcerias estratégicas com a China FAW Group, SAIC Motor e Dongfeng Motor. No entanto, a ascensão de empresas privadas, impulsionada pela inovação tecnológica e pelo forte incentivo governamental aos veículos elétricos e híbridos plug-in, reconfigurou o cenário.

    O crescimento da BYD e da Geely reflete essa transformação, com ambas apostando fortemente nos veículos de nova energia. A entrada de gigantes da tecnologia, como Huawei e Xiaomi, no setor automotivo reforça ainda mais essa tendência. Dados da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis indicam que as vendas de veículos de nova energia, incluindo exportações, aumentaram 36% em 2024, atingindo 12,86 milhões de unidades e representando 41% das vendas totais de automóveis novos na China.

    As montadoras estrangeiras e estatais que demoraram a investir no segmento de veículos elétricos estão enfrentando dificuldades para competir. No último trimestre, a GM reportou um prejuízo de US$ 4 bilhões devido à reestruturação de suas joint ventures com a SAIC Motor. Já as montadoras japonesas, como Toyota, Honda e Nissan, têm promovido cortes de pessoal e reduzido sua capacidade de produção no país. Paralelamente, a estatal chinesa Dongfeng e a Changan Automobile anunciaram que suas controladoras planejam se fundir com uma "empresa estatal central" não identificada, gerando especulações sobre uma possível fusão, o que poderia impactar diretamente as operações da Honda e da Nissan na China.

    A ascensão das montadoras privadas chinesas está ultrapassando as fronteiras do mercado interno e começa a impactar a indústria automobilística global. Em 2024, a BYD alcançou 4,27 milhões de veículos vendidos mundialmente, superando fabricantes tradicionais como Honda, Nissan e Suzuki. Embora apenas 10% dessas vendas tenham ocorrido fora da China, a empresa vem consolidando sua presença no Sudeste Asiático e na América Latina. A Geely também registrou um recorde de vendas globais, com 3,33 milhões de unidades comercializadas, e planeja expandir ainda mais sua presença internacional, visando atingir 5 milhões de vendas anuais até 2027. Sua divisão de veículos elétricos de luxo, Zeekr, já está disponível em mais de 40 mercados.

    A forte concorrência entre as montadoras chinesas nos segmentos de veículos elétricos, tecnologia de direção autônoma e software automotivo posiciona o país como um dos principais impulsionadores da inovação no setor automotivo global. Diante desse avanço, montadoras japonesas como Honda e Nissan estudam uma possível fusão para enfrentar a concorrência chinesa. Enquanto isso, os Estados Unidos e a União Europeia impõem tarifas sobre as exportações chinesas de automóveis como forma de conter a expansão dessas montadoras. Em resposta, empresas como a BYD já estudam instalar fábricas na Europa para evitar as barreiras tarifárias. Nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump sugeriu recentemente a possibilidade de permitir que montadoras chinesas instalem fábricas no país, o que pode representar uma mudança de cenário no futuro.

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