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    Em meio ao tarifaço de Trump, setor químico do Brasil acumula déficit de US$ 8 bilhões com os EUA

    "A relação entre os dois mercados é amplamente superavitária para os EUA", afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química

    (Foto: Agência Brasil )
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    247 – A decisão do governo dos Estados Unidos de adotar tarifas recíprocas para todos os países exportadores não preocupa, a princípio, a indústria química e petroquímica brasileira. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, o comércio bilateral é amplamente favorável aos EUA. "A relação entre os dois mercados é amplamente superavitária para os EUA", afirmou Cordeiro, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.

    Segundo Cordeiro, o Brasil importa anualmente US$ 12 bilhões em produtos químicos dos EUA, de um total de US$ 13 bilhões provenientes da América do Norte. As exportações brasileiras para os EUA, por outro lado, somam apenas US$ 4 bilhões. "Por isso, não vejo qualquer desvantagem nas trocas de produtos químicos para os EUA", disse o executivo. Para ele, um equilíbrio comercial mais justo seria alcançado caso as exportações e importações de ambos os lados girassem em torno de US$ 12 bilhões.

    A medida estadunidense foi anunciada na quinta-feira (13) pelo presidente dos EUA, Donald Trump, por meio de um memorando que ordena aos assessores a revisão dos níveis tarifários. A iniciativa, considerada ambiciosa, pode gerar impacto significativo no sistema de comércio mundial. O governo Trump alega que o Brasil cobra tarifas maiores dos EUA do que o inverso, o que justificaria a imposição de taxas recíprocas. As primeiras medidas são esperadas para abril.

    Para a Abiquim, a complexidade da execução dessa política e o tempo necessário para sua implementação podem abrir espaço para negociações entre os dois governos. "Se for olhar produto a produto, de cada lado, não vai se chegar a lugar nenhum. Essa comparação não é possível de fazer, pois há especificações diferentes e há itens em que os EUA são mais competitivos do que os nossos", explica Cordeiro.

    Atualmente, o setor químico brasileiro, que exporta anualmente US$ 15 bilhões para diversos países, acumula um déficit de US$ 50 bilhões nas trocas comerciais globais de produtos químicos e petroquímicos. "Importamos US$ 65 bilhões", destaca Cordeiro, alertando para o risco de fechamento de diversas unidades de produção no Brasil. Em outubro, o governo ampliou as alíquotas de importação para uma lista de 30 produtos.

    Ainda de acordo com a reportagem, em 2023, o setor químico nacional operou com ociosidade de 36% da capacidade instalada, reflexo dos altos custos de produção e da baixa competitividade. "O valor do gás natural é quatro vezes maior aqui do que nos EUA, e a carga tributária chega a 40%, o dobro da americana", exemplifica Cordeiro.

    Máquinas - A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) também avalia o impacto da decisão americana. Em 2023, os EUA foram destino de 26% das exportações do setor, que geraram US$ 3,7 bilhões para o Brasil. No total, a indústria de máquinas exportou US$ 14 bilhões no período.

    O presidente da Abimaq, José Velloso, reconhece que, no caso de seu setor, as tarifas médias de importação aplicadas pelo Brasil são mais altas do que as americanas, variando de 11,2% a 4%. No entanto, ele ressalta que o governo brasileiro adota tarifa zero para produtos sem similar nacional, o que beneficia exportadores dos EUA. "Isso é uma vantagem para os EUA, pois há muitos casos", aponta Velloso.

    Ele também destaca que a perda de competitividade da indústria brasileira impulsionou as importações de máquinas, devido ao aumento dos custos de insumos. "Empresas do meu setor não conseguem importar dentro da cota fixada pelo governo brasileiro em junho. Só conseguimos comprar pagando os 25%", critica. Atualmente, a alíquota dentro do limite da cota é de 10,8%.

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