Governo considera prematuro tirar conclusões sobre impactos de tarifas recíprocas anunciadas por Trump
Governo acredita que os novos anúncios terão impacto limitado e, no momento, não afetarão outros produtos além de etanol, aço e alumínio
247 - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considera prematuro tirar conclusões definitivas sobre as recentes medidas tarifárias anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Embora o Brasil tenha sido mencionado, o governo acredita que os novos anúncios terão impacto limitado e, no momento, não afetarão outros produtos além de etanol, aço e alumínio já citados.
Na quinta-feira (13), Trump assinou um memorando instruindo seus assessores a calcular novos níveis de tarifas para diversos países, uma iniciativa que pode abalar as regras do comércio global e iniciar intensas negociações nos próximos meses. O etanol brasileiro exportado para os EUA foi citado como exemplo de disparidade tarifária a ser ajustada.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, desde então, o Itamaraty está analisando a declaração americana em sua totalidade. Uma fonte próxima às discussões afirmou que o governo está avaliando o comunicado e as referências a outros países, destacando que ainda é cedo para conclusões definitivas.
Representantes do setor privado que acompanham o comércio exterior alertam que o Executivo brasileiro deve se preparar e iniciar negociações de alto nível com os EUA. O plano assinado por Trump indica que o governo americano fará uma análise ampla, considerando fatores além das tarifas aplicadas, como tributação interna e subsídios considerados injustos. Isso aumenta a possibilidade de os EUA apresentarem ao Brasil uma lista maior de demandas para negociação, além do etanol.
Ainda de acordo com a reportagem, a menção explícita ao etanol brasileiro pela Casa Branca como exemplo de falta de reciprocidade demonstra o foco dos EUA no biocombustível do Brasil. Interlocutores relataram surpresa com a referência direta ao Brasil, mas veem espaço para negociar com o governo americano sobre barreiras comerciais e tarifárias.
A assinatura ocorreu dias após Trump impor tarifas de 25% sobre aço e alumínio importados pelos EUA. O Brasil, segundo maior fornecedor de aço para os americanos, é um dos afetados.
Nesta sexta-feira (14), Lula se pronunciou pela primeira vez sobre as medidas anunciadas por Trump, focando no aço , mas sem mencionar o etanol. Segundo o presidente brasileiro, o país pode "reagir comercialmente", "denunciar na OMC (Organização Mundial do Comércio)" ou "taxar produtos que a gente importa deles".
"Enquanto os Estados Unidos tiverem uma relação civilizada e harmônica com o Brasil, está tudo bem. Agora, ouvi dizer que vai taxar o aço brasileiro. Se taxar, vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar na OMC ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles. A relação do Brasil com os Estados Unidos é muito igualitária. Eles importam US$ 40 bilhões. Nós importamos US$ 45 bilhões", disse Lula.
O presidente sugeriu, ainda, que os EUA deixaram de se preocupar com a democracia e o livre mercado global, adotando um discurso protecionista.
Analistas no Brasil estão preocupados que as novas tarifas dos EUA possam levar a um aumento relacionado à moeda na inflação brasileira, interferindo nos planos do banco central para as taxas de juros.
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