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    Gol e Azul pioram serviços antes mesmo de concretizar fusão

    A Azul restringiu a oferta de alimentos e bebidas em seus voos nacionais. A Gol seguiu a mesma direção

    Aeronave da Azul no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo (Foto: Amanda Perobelli / Reuters)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 – As companhias aéreas Azul e Gol, que negociam uma fusão que pode criar um duopólio na aviação comercial brasileira, reduziram seus serviços de bordo em voos nacionais. A medida, que impacta diretamente os passageiros, ocorre antes mesmo de qualquer definição sobre a viabilidade da fusão e levanta preocupações sobre os efeitos da concentração de mercado no setor. O portal Metrópoles trouxe detalhes sobre as mudanças operacionais das empresas e os possíveis desdobramentos para os consumidores e para a regulação do setor aéreo.

    No dia 15 de janeiro, Azul e Gol anunciaram um memorando de entendimento para a fusão, o que movimentou o mercado e suscitou dúvidas sobre os impactos econômicos e regulatórios dessa união. Caso a operação seja concretizada, precisará passar pelo crivo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), além de depender da conclusão da recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos.

    Redução dos serviços de bordo penaliza passageiros

    A Azul restringiu a oferta de alimentos e bebidas em seus voos nacionais. Desde setembro de 2024, passageiros de voos com duração de até 45 minutos recebem apenas água mineral. Em rotas mais longas, o serviço de "snacks à vontade" foi substituído por um único salgado por passageiro, além de água e, em alguns casos, suco ou refrigerante. Em voos superiores a duas horas, o café é oferecido apenas em algumas rotas específicas. Embora a empresa tenha alegado inicialmente que a mudança era temporária devido a dificuldades no abastecimento, até o momento não há previsão de retorno ao modelo anterior.

    A Gol seguiu a mesma direção. Nos voos com duração de até uma hora, foram retiradas todas as opções de lanches e bebidas, mantendo-se apenas a água. A exceção ocorre na ponte aérea entre Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ), onde ainda são oferecidos snacks, refrigerantes e cafés. Nos voos superiores a uma hora, a companhia manteve apenas água, café, refrigerante e um snack, abolindo o suco. Nos voos internacionais, o serviço de bordo varia conforme a duração da viagem, mas apenas passageiros da classe Premium Economy recebem serviços mais completos em viagens acima de 5h30.

    As empresas justificam os cortes como parte de ajustes operacionais para melhorar a eficiência. No entanto, os passageiros já começam a sentir no bolso o efeito da menor oferta de serviços sem qualquer redução no preço das passagens.

    Risco de monopólio disfarçado de duopólio

    Se concretizada, a fusão entre Azul e Gol resultará em uma companhia que deterá aproximadamente 60% do mercado de aviação comercial no Brasil, consolidando um duopólio ao lado da Latam. Isso significa que praticamente todas as rotas nacionais estarão nas mãos de apenas duas empresas, reduzindo a concorrência e potencialmente elevando os preços das passagens.

    O memorando de entendimento assinado pelas empresas prevê um modelo de "corporation", sem um controlador definido, mas com o grupo Abra como maior acionista. O plano é manter as marcas Azul e Gol operando separadamente, mas compartilhando aeronaves e recursos, o que, na prática, pode significar menos opções para os consumidores e tarifas ainda mais altas.

    A fusão também levanta dúvidas sobre a manutenção da qualidade dos serviços e sobre a distribuição das rotas. Enquanto a Gol é mais concentrada em grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a Azul tem um alcance maior em cidades menores. Essa "complementaridade" pode resultar na eliminação de algumas rotas regionais e em um aumento das tarifas onde houver pouca concorrência.

    Com um histórico de tarifas em constante alta, a concentração de mercado levanta um alerta para consumidores e órgãos reguladores. A fusão Azul-Gol não é apenas uma questão de eficiência operacional, mas um tema que pode redesenhar o futuro da aviação comercial brasileira, limitando a concorrência e encarecendo o serviço aéreo para os brasileiros.

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