TV 247 logo
    HOME > Entrevistas

    “O governo Lula cometerá um grave erro se decidir abraçar a censura", diz Rui Costa Pimenta

    Presidente do PCO afirma que acreditar numa eventual aliança com a Globo é o mesmo que acreditar em Papai Noel

    Rui Costa Pimenta e Lula (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Ricardo Stuckert)
    Redação Brasil 247 avatar
    Conteúdo postado por:

    247 – Em um debate marcado por críticas contundentes ao papel da imprensa e às estratégias de comunicação do governo, Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), defendeu a importância de uma mobilização popular independente. As declarações foram feitas em entrevista concedida à TV 247, na qual ele abordou diversos temas, como a tentativa de golpe bolsonarista em 8 de janeiro, a política internacional em relação à Venezuela, a atuação das big techs na internet e o posicionamento do governo Lula diante da mídia tradicional e das plataformas digitais.

    O dirigente do PCO começou falando sobre os eventos que marcaram os dois anos da tentativa de golpe em 8 de janeiro. “O golpe que nunca aconteceu oculta o golpe que aconteceu, que foi o de 2016”, afirmou, ressaltando a maneira como setores da mídia, em especial a Rede Globo, tratam o episódio. Sobre a cobertura dos atos golpistas, ele foi categórico: “É repulsivo ver a Globo falando em democracia”.

    Na mesma entrevista, Rui Costa Pimenta também comentou a situação venezuelana e a postura do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “O Trump não vai adotar a política de Juan Guaidó novamente”, disse, indicando que a tendência é que o republicano seja mais pragmático caso volte ao poder. “A tendência é que ele seja pragmático no trato com a Venezuela”, completou. O líder do PCO avalia que grandes empresários como Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg já demonstraram proximidade com o ex-presidente norte-americano: “Além do Elon Musk, os grandes empresários da internet, como o Jeff Bezos e o Mark Zuckerberg, passaram a apoiar o Donald Trump”. E explica o motivo: “O grande empresário só pensa em dinheiro, ele é um apêndice do capital”. Para ele, existe uma forte dependência dessas corporações em relação às políticas de Washington: “O controle do aparato imperialista sobre as empresas de tecnologia coloca essas empresas em risco”.

    Ao analisar a decisão da Meta (empresa de Mark Zuckerberg) de flexibilizar as políticas de moderação de conteúdo, Rui Costa Pimenta foi direto: “A decisão do Zuckerberg é positiva”. Essa mudança, no seu entender, “combate a fúria de censura que está vigente na internet”. Ele acrescentou que, no atual cenário, “hoje os maiores alvos da censura são a Palestina e a Rússia”, observando como determinadas vozes são silenciadas. Para o presidente do PCO, essa questão deve servir de alerta ao governo Lula: “O governo Lula cometerá um grave erro se decidir abraçar a censura”. Em sua visão, confiar no alinhamento de setores tradicionais da mídia seria ingênuo: “Acreditar que a Globo vai apoiar Lula em 2026 é o mesmo que acreditar em Papai Noel”.

    Rui Costa Pimenta descreve que os interesses da elite econômica brasileira e internacional estão longe de coincidir com os do governo, apontando: “A burguesia quer se livrar do Lula” e “setores cada vez mais amplos da burguesia se deslocam à direita”. Nesse contexto, ele avalia que o bilionário Elon Musk está no seu direito de apoiar qualquer candidato, “desde que ele use meios lícitos”. E faz um alerta sobre os riscos de uma ruptura institucional para o atual governo: “Se Lula for derrubado, a extrema-direita será a grande beneficiada neste momento”.

    No que diz respeito à dinâmica interna do governo, Costa Pimenta ressalta: “A meu ver, a política do governo é autodestrutiva”. Para ele, “o PT rejeitou a mobilização popular e tenta se apoiar na Globo. É como sentar em cima de porco-espinho”. Ele ainda acrescenta que a atual postura contra as big techs não encontrará respaldo popular: “A ação do governo contra as big techs é extremamente impopular. Não vai ajudar o governo em nada”. Como alternativa, sugere que “a esquerda deveria se organizar para ganhar a opinião popular”, apostando na mobilização das bases.

    Voltando à situação da Venezuela e ao estilo Trump de governar, Rui Costa Pimenta crava: “A Venezuela é o pilar de sustentação da luta antiimperialista”, destacando sua importância geopolítica. Sobre o ex-presidente republicano, ele avalia: “O melhor para o mundo é o imperialismo que se apresenta nu e cru. Mas tudo que Trump tem feito é fanfarronice”. Na comparação com Joe Biden, Rui Costa Pimenta é enfático: “O Biden era mais perigoso para o mundo do que o Trump. Como entidade política, ele representava a máquina de guerra”. Ainda assim, considera que Trump pode aprofundar conflitos comerciais: “O que Trump fará são várias guerras comerciais pelo mundo”.

    As declarações do presidente do PCO revelam uma crítica forte à imprensa hegemônica e ao establishment político, bem como às grandes corporações da internet, observando o quanto essas forças podem se articular em prol de interesses que não necessariamente favorecem a maioria da população. Para Rui Costa Pimenta, a chave para o futuro do governo Lula e da esquerda passa por uma mobilização popular consciente e pela clareza de que alianças com setores tradicionalmente conservadores não trariam benefícios reais ao país, podendo, ao contrário, levar a retrocessos e fortalecer a extrema-direita. Assista:

    ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

    Relacionados