Zuckerberg revela influência do FBI em decisão de restringir o alcance de reportagem sobre filho de Joe Biden
Em entrevista rara ao podcast de Joe Rogan, fundador do Facebook admite erro ao censurar matéria sobre Hunter Biden na reta final das eleições de 2020
247 – Mark Zuckerberg, CEO e fundador do Facebook, admitiu em uma conversa com o podcast de Joe Rogan que as restrições impostas a uma matéria do jornal New York Post sobre Hunter Biden – filho do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden – foram tomadas após alertas do FBI sobre possíveis propagandas de desinformação. As declarações do executivo ocorreram em um episódio do podcast de Joe Rogan, disponível no Spotify, conforme noticiado pela BBC.
Na ocasião, Zuckerberg explicou que, poucos dias antes das eleições presidenciais norte-americanas de 2020, sua equipe recebeu uma orientação do FBI para ficar em alerta máximo quanto à possibilidade de conteúdo falso, possivelmente ligado à Rússia, semelhante ao que teria sido disseminado em 2016. “O histórico aqui é que o FBI veio até nós – algumas pessoas da nossa equipe – e disse algo como: ‘Ei, só para vocês saberem, é melhor ficar atentos. Achamos que houve muita propaganda russa em 2016 e temos indícios de que vai surgir algo parecido agora’”, relatou Zuckerberg.
A reportagem em questão, publicada pelo New York Post, alegava a existência de e-mails comprometedores no laptop de Hunter Biden, que teria sido abandonado em uma oficina de reparos. Segundo o jornal, o conteúdo mostraria que o então vice-presidente Joe Biden estaria envolvido em negociações comerciais do filho na Ucrânia. Contudo, não há registro na agenda oficial de Biden sobre tais reuniões, e os dados permaneceram envoltos em desconfiança por parte de diversas agências de checagem de fatos.
Durante o podcast, Zuckerberg revelou que a equipe do Facebook restringiu, de forma temporária, o alcance do artigo no feed de notícias até que verificadores independentes pudessem analisar o material. “Quando removemos algo que não deveríamos, isso é o pior”, reconheceu ele, em tom de arrependimento, acrescentando que “quando a decisão está equivocada, isso é um péssimo resultado”. A plataforma não impediu completamente que as pessoas compartilhassem o link, mas reduziu significativamente o algoritmo de distribuição. Já o Twitter, por outro lado, baniu totalmente a publicação no início, revertendo a medida após grande pressão pública.
A polêmica se intensificou quando a história foi repassada por Rudy Giuliani, advogado do então presidente Donald Trump, ao jornal. Mais de um ano depois, o Washington Post realizou sua própria análise do disco rígido, concluindo que parte do conteúdo era autêntica, embora boa parte dos dados não pudesse ser verificada devido ao manuseio inadequado. Outros veículos, como o New York Times, também passaram a validar algumas mensagens do laptop.
Zuckerberg afirmou não gostar de se envolver em debates tão delicados: “Não entrei nesse negócio para ficar decidindo o que é ou não aceitável. Entrei para projetar tecnologia que conecta as pessoas. Mas, obviamente, tenho de participar dessas decisões em algum nível, pois, no final das contas, eu dirijo a empresa”. Ele reconhece, porém, que há críticas de ambos os lados do espectro político: “Dependendo de onde você está, pode achar que censuramos demais ou que não censuramos o suficiente”.
Apesar da controvérsia, a entrevista ao podcast de Joe Rogan destacou também os planos da Meta (empresa que controla o Facebook) para realidade virtual e apontou aspectos da vida pessoal de Zuckerberg. Ainda assim, o ponto alto foram as justificativas do empresário sobre como a plataforma lida com a complexa tarefa de impedir a desinformação sem cercear a liberdade de expressão.
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