Escolha de Tulsi Gabbard por Trump gera apreensão no setor de inteligência
Nomeação levanta questionamentos sobre alinhamento geopolítico e a possível politização do setor de inteligência
Reuters – A recente nomeação de Tulsi Gabbard como diretora de inteligência dos EUA pelo presidente eleito Donald Trump causou inquietação em setores da comunidade de segurança nacional e entre aliados internacionais. A escolha de Gabbard, ex-congressista democrata e oficial da reserva do Exército dos EUA, gerou preocupações devido à sua falta de experiência significativa no setor de inteligência e suas opiniões controversas sobre temas como a Rússia e a Síria.
A decisão, anunciada na quarta-feira (13), reflete a tendência de Trump de priorizar lealdade pessoal ao compor sua equipe de governo. Segundo analistas e ex-funcionários da inteligência, a presença de Gabbard no cargo pode alimentar uma visão distorcida das ameaças globais, com assessores se sentindo pressionados a alinhar suas análises para agradar o presidente. “Isso pode se tornar um caminho para ações questionáveis por parte da liderança da comunidade de inteligência”, afirmou Randal Phillips, ex-diretor de operações da CIA.
Impacto nas relações internacionais
Fontes de segurança ocidentais indicaram que a nomeação de Gabbard pode provocar uma redução temporária no compartilhamento de informações com aliados, o que pode afetar a aliança “Five Eyes”, formada por EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Um oficial europeu de defesa afirmou que Gabbard é vista como alinhada à Rússia, mas ponderou: “Teremos que lidar com a situação e nos manter atentos.”
A escolha de Gabbard também foi recebida com ceticismo por parlamentares dos EUA, incluindo o deputado Adam Smith, que criticou a nomeação por considerá-la uma estratégia para servir aos interesses políticos de Trump: “Ela não está sendo colocada nesse cargo para fazer o trabalho ou ser competente, mas para atender aos interesses de Trump”, disse à CNN.
Controvérsias e resistência
Gabbard se tornou uma figura polêmica após sua saída do Partido Democrata em 2022, adotando um discurso crítico às políticas de Joe Biden e se tornando popular entre conservadores. Sua postura em relação à invasão russa da Ucrânia, expressa em publicações que acusavam a administração Biden de ignorar as “legítimas preocupações de segurança” de Moscou, alimentou as críticas de que ela favoreceria posições próximas ao Kremlin.
Apesar disso, o senador Marco Rubio, nomeado por Trump para secretário de Estado, defendeu Gabbard como uma escolha “revolucionária com potencial de trazer mudanças positivas”.
Desafios na confirmação
Para que Gabbard assuma o cargo de diretora de inteligência, ela precisará ser confirmada pelo Senado, onde os republicanos terão uma maioria de 52 a 48. No entanto, é esperado que a indicação enfrente resistência, mesmo entre membros do próprio partido.
“Amigos e adversários estão observando atentamente, questionando o que essa nomeação significa para o principal ator na coleta e análise de inteligência global”, comentou um ex-oficial de inteligência dos EUA.
A nomeação de Gabbard ocorre em um momento em que Trump busca moldar seu segundo mandato com figuras leais, incluindo congressista Matt Gaetz para o cargo de procurador-geral e o comentarista da Fox News Pete Hegseth para secretário de Defesa, gerando preocupações sobre a falta de freios e contrapesos na administração.
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